Comunicação Social [Turma 2004]

Apontamentos e notas dos alunos do curso de Comunicação Social (turma de 2004) da Escola Superior de Tecnologias de Abrantes - IPT.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

UM MAJESTOSO 2007



Tenham um excelente 2007. Como já devem saber, eu não vou para a Lituânia, porque tenho compromissos mais urgentes, em Portugal, mas ficam a saber que vou querer tudo a que tenho direito... E temos um jornal (não o ESTA Jornal, mas o nosso jornal, para programar). Eu não me esqueci, desse projecto!

Vão descansando, que em Janeiro conversamos...

Amigo, Escritor, Representante de Turma, Monárquico, Pagão e tudo e tudo...

Tiago Lopes

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Wicca (Relações Internacionais)

O trabalho com o tema : wicca
Está á disposição dos caros colegas na reprografia.
Peço desculpa por não estardisposto no blog, mas granças a complicações informaticas (leia-se virus), de momento não é possivel dispor do trabalho.
Vou tentar corrigir a falha brevemente.

Saudações Académicas para todos

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Islamismo (Relações Internacionais)

Aqui está o trabalho sobre o Islamismo. Não esquecer que isto pode sair em frequencia, numa pergunta de contexto internacional... Estudem isto!

Uma das quatro religiões monoteístas baseada nos ensinamentos de Maomé chamado “O Profeta”, contidos no livro sagrado islâmico, o Corão.
A palavra Islã significa submeter, e exprime a submissão à lei e à vontade de Alá. Seus seguidores são chamados de muçulmanos, que significa aquele que se submete a Deus.
Segundo os muçulmanos, o Corão contém a mensagem de Deus a Maomé, as quais lhe foram reveladas entre os anos 610 a 632. Seus ensinamentos são considerados infalíveis. O Islamismo é actualmente a segunda maior religião do mundo, dominando acima de 50% das nações em três continentes.

Os muçulmanos estão divididos em dois grandes grupos: os Sunitas e os Xiitas. Os Sunitas subdividem-se em quatro grupos menores: Hanafitas, Malequitas, Chafeitas e Hambanitas. Os Sunitas são os seguidores da tradição do profeta, continuada por All-Abbas, seu tio. Os Xiitas são partidários de Ali, marido de Fátima, filha de Maomé. São os líderes da comunidade e continuadores da missão espiritual de Maomé.
O Islamismo crê que existe um só Deus verdadeiro, e seu nome é Alá
Alá não é um Deus pessoal, santo ou amoroso, pelo contrário, está distante e indiferente mesmo de seus adeptos. Suas ordens expressas no Corão são imperativas, injustas e cruéis. Segundo Maomé, ele é autor do bem e do mal.

O Islamismo crê em anjos, segundo eles, Gabriel foi quem transmitiu as mensagens de Alá para Maomé. É ensinado que os anjos são inferiores aos homens, mas intercedem pelos homens.
O Islamismo crê que exista um só livro sagrado dado por Alá, o Corão, escrito em Árabe.

Os muçulmanos crêem que Alá deu uma série de revelações, incluindo o Antigo e Novo Testamentos, que é chamado de Corão. Segundo eles, as antigas revelações de Alá na Bíblia foram corrompidas pelos cristãos, e, por isso, não são de confiança.
Islamismo crê na predestinação do bem e do mal
Tudo o que acontece, seja bem ou mal, é predestinado por Alá através de seus decretos imutáveis.

O Islamismo crê que haverá o dia da ressurreição e julgamento do bem e do mal.
Neste grande dia, todos os feitos do homem, seja bem ou mal, serão colocados na balança. Os muçulmanos que adquiriram suficientes méritos justos e pessoais em favor de Alá irão para o céu; todos os outros irão para o inferno.

Observação do mês de Ramadã: o qual comemora a primeira revelação do Corão recebida por Maomé. Durante um mês, as pessoas jejuam desde o nascer até o pôr-do-sol. Segundo eles, os portões do paraíso abrem, os do inferno fecham, e os que jejuam têm seus pecados perdoados.

Peregrinação para Meca: ou Hajj, ao lugar do nascimento de Maomé, na época de Eid el Adha (festa islâmica que rememora o dia em que o profeta Abraão aceitou a ordem de

Sacrificar um carneiro em lugar de seu filho), pelo menos uma vez na vida por todo muçulmano dotado de condições físicas e econômicas.

Símbolo do Islamismo: Profissão de fé escrita em árabe – "Não há outra divindade senão Deus e Maomé é o Seu profeta" (Lá Iláha Il`Allah Muhammad Raçul Allah). A recitação destas palavras constitui uma das cinco obrigações do crente islâmico.

Alcorão: livro sagrado do Islamismo. O Alcorão é segundo a tradição a palavra de Deus, inspirada a Maomé, através do anjo Gabriel. Esta revelação ocorreu durante cerca de 23 anos. As revelações foram registadas pelos seguidores de Maomé, sendo mandadas compilar logo após a sua morte pelo califa Abu Becre.

A sua mensagem fundamental é que existe apenas um único Deus, e só na obediência ao mesmo é possível atingir o Paraíso. Neste sentido é apresentado um conjunto de mandamentos e preceitos que o crente deve seguir. A prática do bem é o meio mais referido, mas não é a única via.

A Alcorão, ao contrário da Tora dos Judeus ou dos Evangelhos dos Cristãos, condena ao inferno todos aqueles que fizerem modificações, adaptações ou interpretações simbólicas do texto sagrado, dado que o mesmo foi inspirado directamente por Deus. O Alcorão afirma-se como um texto explícito, que qualquer crente pode ler e seguir no seu dia-a-dia. Não carece de explicações, nem interpretações de especialistas (sacerdotes, etc.). É para ser levado à letra.

ÚLTIMA HORA

Dia 13 de Dezembro não haverá aula com a Dr.ª Hália Santos, das 14h30 às 16h30. Todavia, a redacção do ESTA Jornal (alunos inscritos na cadeira de Atelier de Comunicação I) deverão reunir-se com a docente, no seu gabinete, assim que termine a aula de Psicossociologia da Comunicação Social, ministrada pelo Dr. Alves Jana.
Relembra-se ainda que a Dr.ª Hália Santos não irá dar aula no dia 15 de Dezembro, entre as 14h30 e as 16h30. Não esquecer que nesse dia esta marcada a reposição de Relações Internacionais com a Dr. Fátima Pedro das 12h às 13h30.

Sem mais avisos,
O representante de turma,
Tiago Lopes

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Monografias do 3º Ano (Seminários)

Aqui estão os temas escolhidos para as monografias do 3º ano. Não se esqueçam, se virem alguma coisa das monografias dos colegas recolham e entreguem-lhes. Ajudar não custa nada! Boa sorte para todos!

Comunicação Direccionada: A imprensa gay Portuguesa - Tiago Lopes, Nº 8471

Fenómeno Paparazzi - João Alves, Nº 8508

O que é notícia! ("Mais cedo ou mais tarde" TSF) - Madalena Gonçalves, Nº 8461

Marketing Político - Adriana Fonseca, Nº 8445

Formação de jornalista de guerra: A relevância da Guerra a Brincar - Inês Vacas, Nº 8456

Novo humor em Portugal - José Pinto, Nº 7998

11 de Setembro: Teorias conspiratórias e os Meios de Comunicação Social - João Oliveira, Nº 8459

Impacto Floribella - Angela Filipe, Nº 8450

Programação radiofónica estrangeira, nas rádios portuguesas - Vera Inácio, Nº 8002

Relação entre a Televisão e a Criança - Ana Nascimento, Nº 8446

Impacto das telenovelas: "Jura" - Dayana Delgado, Nº 8019

Influência dos Meios de Comunicação Social no estilo das pessoas - Tânia Pissarra, Nº 5942

Erotismo na publicidade - Diana Rocha, Nº 8454

O Poder comunicativo de Scolari - Nelson Ferreira, Nº 8493

As reacções do Oriente, ao discurso do Papa - Vânia Costa, Nº 8507

Programação de rádio estrangeira em rádios portuguesas - Vera Inácio, nº 8002


Quem não tiver aqui o seu tema, entre em contacto comigo. O representante de Turma, Tiago Lopes

Budismo (Relações Internacionais)

Este é o trabalho do João Oliveira sobre o Budismo. Continuo à espera de alguns trabalhos. Não se esuqeçam de me enviar os formatos digitais, para serem aqui publicados.

Origem
O Budismo é uma religião baseada nas escrituras e na tradição laica e monástica iniciada por Siddhartha Gautama, o Buda histórico, que viveu aproximadamente entre 563 e 483 a.C. Surgiu originalmente na Índia e de lá se espalhou através da Ásia, Ásia Central, Tibete, Sri Lanka (antigo Ceilão), Sudeste Asiático como também para países do Leste Asiático, incluindo China, Myanmar (Birmânia), Coreia, Vietname e Japão. Hoje o budismo encontra-se em quase todos os países do mundo, amplamente divulgado pelas diferentes escolas budistas, e conta cerca de 376 milhões de seguidores.
O budismo ensina a desenvolver acções boas e construtivas, tenta evitar acções más e danosas; purificar e treinar a mente. O objectivo dessas práticas é o fim do sofrimento decorrente da existência cíclica, samsara, despertando no praticante o entendimento da realidade última - o Nirvana.

A moral budista é baseada nos princípios de preservação da vida e moderação. O treino mental foca-se na disciplina moral (sila), concentração meditativa (samadhi), e sabedoria (prajña).
Apesar do budismo não negar a existência de seres sobrenaturais (de facto, há muitas referências nas escrituras Budistas), ele não confere nenhum poder especial de criação, salvação ou julgamento a esses seres, não compartilhando da noção de Deus comum à maioria das religiões. Entende-se que, assim como os humanos, eles possuem o poder de afectar os eventos mundanos.
A base do budismo é a compreensão das Quatro Nobres Verdades, ligadas à constatação da existência de um sentimento de insatisfação (Dukkha) inerente à própria existência, que pode no entanto ser transcendido através da prática do Nobre Caminho Óctuplo. Outro conceito importante, que de certa forma sintetiza a cosmo visão budista, é o das três marcas da existência: a insatisfação (Dukkha), a impermanência (Anicca) e a ausência de um "eu" (Anatta).

Polémica no Ocidente em torno do Budismo
Frequentemente questiona-se quanto ao budismo ser ou não uma religião (por não aceitar a existência de um Deus criador do mundo), quanto a crer ou não em reencarnação (em contraste com o conceito de renascimento), etc.

Principais doutrinas
As Quatro Nobres Verdades
Um dos principais ensinamentos do Buda é as Quatro Nobres Verdades. Constitui a base de todas as escolas budistas.
1ª A primeira nobre verdade ensina que toda a vida é dukkha, palavra que tem sido traduzida como "sofrimento", mas que também pode significar "insatisfação";
2ª A segunda afirma que o sofrimento tem uma origem;
3ª A terceira que há uma forma de suprimir este sofrimento;
4ª A quarta recomenda o caminho para acabar com o sofrimento.
O Nobre Caminho Óctuplo
Tem sido sugerido que a forma de exposição da doutrina das "Quatro Nobres Verdades" segue um padrão que se assemelha ao do diagnóstico de uma doença: depois de ter apontado as origens do mal, o Buda mostra um remédio que leva ao fim desse mal. Esse "remédio" é conhecido como o "Nobre Caminho Óctuplo”, e deve ser adoptado pelos budistas. Consiste em:
Visão correcta: implica o conhecimento das Quatro Nobres Verdades;
Intenção correcta: desejo de permanecer no Caminho que conduz à iluminação;
Palavra correcta: falar de uma forma clara, e sobretudo, não fazer uso de uma linguagem agressiva ou maliciosa
Actividade correcta: implica seguir cinco regras básicas, que são não matar, não roubar, não mentir, não ingerir substâncias tóxicas e não ter uma conduta sexual incorrecta;
Meios de subsistência correctos: ter uma forma de ganhar a vida que não implique o sofrimento dos outros seres e a desonestidade;
Esforço correcto: praticar a autodisciplina de modo a evitar as paixões;
Memória ou atenção correcta: implica a auto-análise constante dos pensamentos e acções;
Concentração correcta: é o objectivo final, que é entrar no estado de Nirvana.

Cosmologia
A cosmologia budista considera que o universo é composto por vários sistemas mundiais, sendo que cada um destes possui um ciclo de nascimento, desenvolvimento e declínio que dura biliões de anos.
Num sistema mundial existem seis reinos que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta e um.

O reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali acaba. Por outro lado, o budismo considera que existem não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.
Acima do reino dos infernos encontra-se o reino animal, o único dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies.

Acima deste encontra-se o mundo dos espíritos ávidos ou fantasmas (preta). Os seres que nele vivem sentem constantemente sede ou fome sem nunca terem estas necessidades saciadas. A arte budista representa os habitantes deste reino como tendo um estômago do tamanho de uma montanha e uma boca minúscula.
O reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos anti deuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de acções positivas realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante com os deuses.

O quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma via intermédia nesta cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece a tomada de consciência sobre a condição samsárica.

O último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou residências. Nos níveis mais próximos do reino humano vivem seres que devido à prática de boas acções levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências Ruras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a iluminação e não voltarão a nascer como humanos.

Escrituras
Por volta do século I a.C. os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka, onde se constitui o denominado Cânone Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem contudo no budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão que seja igual para todos os crentes; para além do Cânone Pali, existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Os avisos (não param)

Meus caros, os avisos não param. Somos, ou não, uma turma de Comunicação Social? A vida nunca pára!

11 de Dezembro - Reunião de turma às 14h10

12 de Dezembro - Continuação da apresentação dos trabalhos sobre as Religiões, em Relações Internacionais (Dr.ª Fátima Pedro). Apresentação do trabalho sobre o Estado, em História das Instituições.

14 de Dezembro - 1.) Reunião do Conselho Pedagógico para alterações ao Regulamento Académico. (Como mui nobre representante do Conselho Pedagógico, eu logo vos digo as alterações que foram votadas). 2.) Jantar de Natal da ESTA, no restaurante "A Cascata" (gostava imenso que fossem todos).

15 de Dezembro - 1.) Apresentar "avanços significativos" nas monografias. 2.) Reposição de Relações Internacionais, com a Dr.ª Fátima Pedro, das 12h às 13h30. 3.) A Dr.ª Hália Santos, não vai dar aula de Atelier de Comunicação I.

18 de Dezembro - Não esquecer a ficha de Atelier da Comunicação I, com a Dr.ª Sandra Barata (módulo língua portuguesa)

Já estão na reprografia os apontamentos de: Relações Internacionais (acetatos, que serão complementados com um texto a ser entregue pela docente); História Diplomática (o programa!); Atelier de Comunicação I (parte da sebenta do módulo de Língua Portuguesa).

Eu vou renovando as novidades. Bom trabalho a todos!!!

O Estado (e nós)

Aqui está a versão original do trabalho sobre o Estado, apresentado em Historia das Instituições. Os grupos com os trabalhos sobre a Família, a Religião e a Escola enviem os vossos ficheiros, para podermos ler os vossos trabalhos. A leitura deste trabalho não dispensa a tomada de notas na aula de apresentação oral!


Introdução

Vista panorâmica do Parlamento PortuguêsAs sociedades humanas desenvolveram-se de forma heterogénea ao longo da História. Com a introdução da agricultura nas sociedades primitivas, os agrupamentos aumentaram a um ponto que obrigou a uma estruturação social, mais rigorosa. A Família, o primeiro dos pilares sociais, e a Religião, o segundo pilar de organização das colectividades humanas, ganharam a concorrência do Estado e mais tardiamente da Escola, que o Estado tentou controlar desde cedo.
É sobre o Estado visto como Instituição que se debruça o presente trabalho. Qualquer Instituição pode ser analisada seguindo três linhas de orientação: 1.) Objectividade – análise da Instituição Estadual em si, da sua Natureza técnica; 2.) Historicidade – análise que tem por base a História da Instituição Estadual; 3.) Sedimentação – análise na perspectiva de fortalecimento da Instituição Estadual.

Importa agora definir o que é entendido como uma Instituição. Estas são realidade objectivas que se mantêm independentemente das pessoas, que em determinado momento as servem. A Instituição sobrevive para além dos seus “protagonistas” temporais e esta é uma perspectiva que vai ser tomada em consideração ao longo do trabalho.
O Estado Francês sobreviveu a Luís XIV e a Napoleão Bonaparte; tal como o Estado Português sobreviveu a D. João III e a D. José I. Os protagonistas das Instituições, neste caso os protagonistas do Estado, deixam as suas marcas e podem até modelar a Instituição, mas nunca devem ser sobrevalorizados, numa perspectiva institucionalista. A Instituição existe para além dos Homens e das Ideias.
Em suma o presente trabalho pretende traçar um perfil do Estado, tendo em conta as três características que norteiam as Instituições. Também será apresentada uma visão do Estado, traçada por um Karl Marx. Escolhido, entre uma multiplicidade de autores, pela forma especial como encara a entidade estadual.

Objectividade

Para se compreender a instituição Estado, tem que se ter a capacidade de distinguir a instituição das pessoas que a servem. As instituições têm um período de vida incomparavelmente superior ao dos homens, e como consequência dessa longevidade, mantêm-se independentemente das pessoas que o servem. Só fazendo esta distinção se pode analisar objectivamente a instituição Estado. Persiste então uma ideia de institucionalismo, ou seja, temos que entender que do ponto de vista institucional os homens são transitórios e as ideias permanentes.

Existe uma definição de Estado que reúne o consenso de vários cientistas sociais. Essa definição, segundo John A. Hall e G. John Ikenberry, inclui três elementos[1]: 1) O Estado é um conjunto de instituições, sendo estas preenchidas pelo próprio pessoal do Estado. A mais importante instituição do Estado é constituída por processos de violência e de coerção; 2) Estas instituições estão no centro de um território geograficamente limitado, usualmente designado como sociedade; 3) O Estado monopoliza a elaboração das leis dentro do seu território, o que tende para a criação de uma cultura política comum compartilhada por todos os cidadãos. Realce-se que esta definição é ao mesmo tempo institucional e funcional.
Destes três elementos destaca-se a coerção, isto é, a possibilidade que o Estado tem de colocar nas ruas pessoas que, munidas com os respectivos meios de coacção (ex: armas), fazem com que os cidadãos cumpram as leis. Esta acção do Estado, leva a que seja feita uma distinção importante entre as actividades estatais, no que diz respeito às diferentes funções e objectivos assumidos pelos governos (órgãos do estado) e a sua capacidade enquanto instituição de, planear e executar políticas e fazer cumprir leis de forma limpa e transparente[2]. Este uso da força vai de encontro à visão liberalista, que defende que o Estado surgiu de modo a que determinados objectivos fossem concretizados. Por seu lado, o marxismo sugere que o Estado foi feito por e para a primeira classe conhecida da história[3]. Para finalizar este “debate” sobre as origens do Estado, refira-se a posição da teoria social alemã[4] (Ratzel, Oppenheimer, Glumpowicz, entre outros) que defende que o Estado nasceu da conquista militar, muitas vezes de uma população agrícola estabelecida, por nómadas distantes.
Segundo Fukuyama, existem três tipos de Estados: os Estados Fracos, os Estados Falidos e os Estados Falhados. A governação fraca coloca em causa o princípio da soberania, ou seja, a incapacidade que os estados fracos têm de impor e implementar leis e políticas, leva a que aumente substancialmente a possibilidade de alguém do sistema internacional vir a interferir nos seus assuntos contra sua vontade, resolvendo os problemas através da força. (ex: Guerra do Iraque). Um exemplo de governação falhada, é a dos Estados Unidos da América. Os estados falhados caracterizam-se pelo uso da soberania do estado como suporte/arma por parte de senhores da guerra (ex: Milosevic na Sérvia), que escondiam-se por detrás do princípio da soberania, e cometiam crimes contra a Humanidade. Estes crimes levavam a que se justificasse uma intervenção das grandes potências estrangeiras, agindo em nome dos direitos humanos e da legitimidade democrática, e permitia que a governação desses Estados fosse feita por parte das Nações Unidas ou outras agências internacionais (ex: Afeganistão).
Por último surgem os Estados Falidos. Estes Estados surgem, geralmente, aquando da saída de um conflito que provocou a “queda” da autoridade do Estado (ex: Kosovo, o Iraque, o Afeganistão, entre outros). Esta “queda” vai originar três fases: a primeira baseia-se na intervenção de países estrangeiros (ajuda internacional) que vai tentar garantir uma estabilidade mínima, para que a reconstrução seja feita de raiz. Se esta intervenção for bem sucedida, dá-se lugar à segunda fase. Nesta fase, o objectivo é tentar criar instituições estaduais, para que, quando as forças externas abandonarem o país, o Estado consiga auto-sustentar-se. A última fase pauta-se pelo fortalecimento do Estado, onde a autoridade já existe, mas ainda é incapaz de executar algumas funções essenciais (ex: direitos de propriedade, criação de um sistema de instrução primária, entre outros).
Depois de explicada a forma de como se deve analisar a instituição Estado, quais as suas possíveis definições, e as diferentes formas de Estado, relembre-se, sucintamente, que o Estado é constituído pelos seguintes elementos: povo, território e poder político. O povo é formado pelos nacionais de cada Estado (existe um vínculo jurídico entre ele e o Estado – nacionalidade); O estado pressupõe a existência de um povo fixo em determinado território, sendo essa fixação permanente e não ocasional; O poder político é a faculdade que um povo tem de, por autoridade própria, criar órgãos que exerçam, com relativa autonomia, jurisdição sobre um território, criando leis e usando se necessário, meios de coacção.
Para concluir, Fukuyama defende que “havia uma dimensão inteira do estadismo completamente perdida que necessitava de ser explorada: a da construção de Estados” – um aspecto de desenvolvimento que tinha sido ignorado pela concentração exclusiva das atenções no alcance do Estado[5]”. Com isto, o autor argumenta que houve uma excessiva preocupação com o que o Estado poderia fazer, e não o que se devia ter feito na construção do estado.

Historicidade

“A maior parte da história dos homens não teve a honra da presença de Estados. O registo fóssil mostra traços do Homo sapiens há 40.000 anos, mas o primeiro Estado realmente reconhecível só aparece na Mesopotâmia.[6]
Imagem da Corte de Carlos I, rei do Sacro Império Romano GermânicoA afirmação permite, desde logo, retirar uma conclusão simples. O Estado é uma criação das sociedades humanas. Quais serão então as razões, que levaram o Homem a sentir a necessidade de criar o Estado?

Segundo Fukuyama, o Estado remonta a 10.000 anos, tendo surgido na Mesopotâmia (berço da civilização Egípcia) e na China, onde possuía uma administração pública organizada. Embora concordem que foi na Mesopotâmia que nasceu o Estado, John A. Hall e G. John Ikenberry dizem no seu livro que este surgiu somente há 3.000 anos.
Não entrando na polémica das datas, que pouco acrescentam ao presente trabalho, esta disputa saudável de opiniões, é reveladora da importância que tem o tema. A definição de quando surgiu o Estado, intriga os autores; já que a definição de onde surgiu o Estado parece consensualmente respondida: Mesopotâmia.
Tentemos então perceber, o que tornou a Mesopotâmia o berço do Estado. Se pensarmos que o Egipto foi a primeira grande potência imperial, a nível mundial (em paridade com a China na Ásia e com o emergente império Azteca na América do Sul), conseguimos entender um pouco, as razões do fenómeno estadual. Sem Estado não seria possível organizar um Império com a dimensão e a força, que atingiu o Império Egípcio.
O Estado surgiu então num lógica de utilidade, de se organizar a sociedade e de se conseguir definir as hierarquias e as estruturas do poder político. O Estado surge também para satisfazer determinadas necessidades sociais. Em concreto, o Estado surge nas sociedades primitivas, na passagem da Era da Caça, para a Era Agrícola. Todavia é no Egipto Antigo que o Estado começa a definir-se e a complexificar-se.
Devido à dimensão do seu território, surge com alguma naturalidade um desenvolvimento extraordinário da administração pública na China. O Estado chinês construiu-se ao longo de uma extensão de território gigantesca, o que obrigou a que as administrações públicas se desenvolvessem de forma superior, às restantes administrações públicas existentes na sua época (especialmente a Egípcia e a Azteca).
Na Europa, o Estado surge mais tardiamente, apenas por volta de 400 d.C. ou 500 d.C. São as monarquias Espanhola, Francesa e Sueca as primeiras a estruturar as suas sociedades em torno de um Estado. As razões do atraso prendem-se com questões de natureza histórica.
As invasões bárbaras e as invasões árabes assolaram a Europa. Estes povos levaram a uma destruição das estruturas socio-políticas da Europa; que apenas no século IV e V conseguiu atingir alguma estabilidade. Com o desenvolvimento das sociedades europeias e o surgimento de novas nações, os Estados forma quase “forçados” a surgir. O Estado surgiu, tal como na Mesopotâmia, pela necessidade Humana, mais do que pela simples vontade.
Os primeiros Estados europeu surgiram pela necessidade de organização militar, que permitisse defender e alargar os territórios conquistado por parte de um povo. Estes Estados europeus cedo ganharam a capacidade de tributação, e conseguiram construir uma administração púbica eficaz, capaz de exercer a soberania num determinado território. Os Estados refinavam as suas funções, há medida que se tornavam um forte organizador e aglutinador social. O Estado passou a ser um pilar da estabilidade social.
Fundado pela guerra, e mantido por ela, o Estado intrometeu-se consecutivamente mais na vida social, dos indivíduos que o criaram. Se o Tratado de Vestfália (1648) iniciou uma nova Era na construção moderna do Estado; a Revolução Industrial veio introduzir um novo elemento: a política moderna.
Segundo Francis Fukuyama “a função da política moderna tem sido domesticar o poder do Estado”. Ou seja, a excessiva intromissão do Estado na vida dos sujeitos, levou a que estes criassem mecanismos de defesa contra o próprio Estado. Mas onde surge então esta “missão” da política moderna?
Com o Tratado de Vestfália, o qual pôs termo à Guerra dos 30 Anos, assinado em 1648, surge o conceito de Soberania Estadual, num quadro de Relações Internacionais. Os Estado europeus começaram a perceber que o Estado era a autoridade máxima dentro de fronteiras e que no plano internacional os Estados, independentemente da sua dimensão, eram todos iguais, pelos menos teoricamente.
Juntamente com o conceito de Soberania, surge também o de Estado-Nação, no qual se defendia que a cada Estado pertencia uma Nação, o que o tempo nos mostrou, não ser totalmente verdade. Já que Nação é um conceito cultural e social, e o Estado é um conceito político e administrativo, as duas realidades nem sempre se encaixam. Há Estados com várias nações (Rússia), há Nações em vários Estados (Nação Cigana, Nação Judia), há Estados sem Nação (Estados Unidos da América[7]).
De 1648 até à Revolução Industrial os Estados, com ligeiras alterações e adaptações necessárias, não alteraram o rol das suas funções. Mesmo em alturas do Absolutismo, o que se viu foi mais uma concentração da Administração Pública e do poder político e não uma alteração do espectro ideológico que suportava os Estados.
Em alturas da Revolução Industrial o Estado sofreu um acréscimo de funções, ao mesmo tempo que se começou a desenhar um jogo de tensão entre Estado e Sociedade. Se por um lado a Sociedade exige do Estado um reforço das suas funções (Sistema público de Saúde, sistema de Ensino); por outro lado, o Estado passou a ser visto com desconfiança por parte de alguns grupo sociais.
O advento de Liberalismo Político, iniciado da Inglaterra, e as revoluções independentistas norte-americanas, levaram a que o Estado fosse perdendo a sua força, ou pelo menos a que fossem criados mecanismos de bloqueio ao Estado. Nascidos de uma revolta contra o Estado (inglês), não é de estranhar que o Estado Norte-Americano esteja enfraquecido por uma série de medidas organizacionais, que bloqueiam o exercício completo do poder Estadual.
Os Estados emergentes da 2ª Guerra Mundial detêm uma nova característica: a erosão da soberania política. Os Estados, com efeito, deixam de ser totalmente independentes no exercício das políticas internas e externas. No caso europeu, especialmente no espaço da União Europeia, esta influência sente-se ainda mais. O Estado deixou de ser o único agente da política interna, “competindo” com uma plêiade de organismos internacionais, com os quais o Estado firma alianças.
Externamente os Estados passaram a estar dependentes de uma série de mecanismos e “linhas de força”, que condicionam as opções tomadas pelas entidades que representam os órgãos estatais. Verdadeiramente a liberdade política internacional, por parte dos Estados, deixou de existir desde o Tratado de Vestfália, mas foi com o fim da 2ª Guerra Mundial que a situação se tornou mais complexa.
Concluiu-se que o Estado sofreu uma mutação histórica, que não está encerrada. Do Estado surgido pela necessidade na Mesopotâmia, ao Estado administrativo das monarquias Europeias, ou mesmo passando pelo Estado Providência do Liberalismo Político, nota-se um traço de flexibilidade estadual. Os Estados tendem a adaptar-se às épocas histórico sociais, em que se encontram. Esta dinâmica estadual é responsável, em parte, pela sua longevidade.

Sedimentação

O Estado primordialmente tinha como um dos seus principais objectivos a promoção do bem-estar social e económico da nação, e era um instrumento de defesa, promovendo e organização da defesa a nação, ficando deste modo bem patente o incontornável impacto que este obteve desde logo na sociedade.
A instituição Estado tem um grande impacto na sociedade uma vez que é a entidade reguladora do direito, da economia, e do trabalho.
Estado é, também, uma organização burocrática, isto é, um conjunto de instituições e organismos, ramos e sub-ramos, com suas respectivas burocracias, destinado a cumprir aquela tarefa (a dominação) através do jogo institucional dos seus aparelhos que detêm um grande impacto na sociedade. A questão decisiva é saber precisamente como, em condições historicamente dadas, o Estado desempenha a função de reprodutor das relações (económicas e políticas) de classe.

A instituição o Estado ostenta três poderes, o poder executivo, legislativo, e judiciário, esta divisão de poderes é a sistematização jurídica das manifestações do Poder do Estado na sociedade
O poder executivo tem como responsabilidade a implementação e execução das leis, estabelecendo os procedimentos necessários ao seu cumprimento, sem restringir nem ampliar o seu conteúdo normativo. De facto, o poder executivo de uma nação é regularmente relacionado ao próprio governo.
O poder legislativo é o poder de legislar, criar leis. O objectivo do poder legislativo é elaborar normas de direito de abrangência geral (ou, raramente, de abrangência individual) que é estabelecida aos cidadãos ou às instituições públicas nas suas relações recíprocas. Possui a capacidade de julgar, de acordo com as leis criadas pelo poder legislativo e de acordo com as regras constitucionais em determinado país.
O poder judicial ou poder judiciário que actualmente possui mais independência, cabendo-lhe a competência para nomeação de juízes e outras providências referentes à sua estrutura e funcionamento.

Sistema de eleição
Eleição, na democracia representativa, é o processo que consiste na escolha de determinados indivíduos para exercerem o poder soberano, concedido pelo povo através do voto, devendo estes, assim, exercerem o papel de representantes da nação. A eleição pode se processar com o voto de toda a comunidade ou de apenas uma parcela da comunidade, os chamados eleitores.
Referimos este conceito na medida em que entendemos ser de grande importância perceber bem este conceito de forma a entendermos que actualmente e no caso português é a nação que escolhe livremente pelo exercício do voto quais os elementos a governar o Estado de uma nação, sabendo todas as repercussões que a sua escolha terá na sociedade.

A instituição o Estado como factor fundamental da globalização

A instituição o Estado desempenha hoje em dia um papel preponderante na globalização, isto devido ao seu impacto na promoção do interesse público, nas suas mais diversas áreas e nos vários níveis de intensidade, conciliando a responsabilidade ou dever de conduzir uma economia de mercado estabilizada perante o sistema financeiro internacional, com os problemas sociais urgentes de uma sociedade.
Os Estados nacionais, que por quase todo o século passado tinham como um dos seus principais objectivos a promoção do bem estar social e económico da nação e funcionando também como um instrumento de defesa desta, foi se enfraquecendo à medida que avançava o processo de globalização ou de transnacionalização, reduzindo a protecção externa de suas economias, adaptando-as com as economias mundiais e diminuindo a sua capacidade de controlar os fluxos de pessoas, bens e capital.(Globalização)
Outro facto de enorme relevo na importância do Estado para a sociedade é facto do processo de globalização, originar uma abertura de fronteiras entre diferentes nações, facilitando dessa forma o desenvolvimento e fortalecimento da sociedade em vários e diferentes sectores, em virtude da aprendizagem e influências daí resultantes.

A intervenção do Estado nos meios de Comunicação Social

A intervenção do Estado nos media foi sempre vista em dois ponto de vista antagónicos:
- Por um lado, funcionando como um poder limitativo da liberdade de expressão, através da censura.
A Censura em Portugal foi um dos elementos condicionantes da cultura nacional, ao longo de quase toda a sua história. Aqui temos que ter em conta o papel de outra instituição, a Igreja, uma vez que foi uma das grandes responsáveis pela Censura.
Desde cedo que o país foi sujeito a leis que limitavam a liberdade de expressão, e todos os regimes políticos tiveram sempre o cuidado de legislar em relação à liberdade de imprensa, na maior parte dos casos, restringindo-a, no entanto uma das grandes conquistas do 25 de Abril foi sem dúvida a liberdade de expressão.
- Por outro lado, funcionando como interveniente na defesa do pluralismo e da liberdade de expressão dos media.
Actualmente o Estado é uma das instituições que mais tem lutado contra os monopólios dos meios de Comunicação Social. A instituição estadual tem promovido, não só no caso português, legislação anti-concentração. O Estado promove a liberdade de criação de novos veículos de comunicação.

O Estado como Instituição: Uma leitura das “Obras Históricas” de Marx[8]

"[...] a questão do Estado é uma das mais complexas, mais difíceis e, talvez, a mais embrulhada pelos eruditos, escritores e filósofos burgueses. [...] Todo aquele que quiser meditar seriamente sobre ela e assimilá-la por si, tem de abordar esta questão várias vezes e voltar a ela uma e outra vez, considerar a questão sob diversos ângulos, a fim de conseguir uma compreensão clara e firme".

V. I. Lênin
Apesar do interesse do autor em realizar um estudo mais exaustivo e uma mais profunda teorização do Estado, o aprofundar, nunca aconteceu, assim como aconteceu com outros estudos. Contudo Marx e Engels conseguiram a realização de “uma concepção genérica sobre o Estado”.
«O estado compreende dois aspectos distintos analiticamente e situados em níveis diferentes de abstracção: ele é, de um ponto de vista mais geral e abstractos, uma estrutura de poder que concentra, resume e põe em movimento a força política da classe dominante. Essa é, em resumo, a essência de toda a concepção marxista sobre o Estado, sintetizada com notável clareza na conhecida fórmula do Manifesto Comunista:”O executivo do estado moderno nada mais é do que um comité para administrar os assuntos comuns de toda a burguesia. O próprio Engels expressou a mesma ideia»[9]

A teoria marxista discorda das afirmações de que o estado seja o agente da “sociedade como um todo e do interesse nacional”.
Os marxistas "vêem claramente que o que precisa ser examinado é a relação do Estado com a sociedade burguesa, e propõem-se examinar a fundo essa relação. Estão assim corrigindo uma grande falha da teoria tradicional do século XX [tanto a "liberal", quanto a "pluralista"], que aceitou a sociedade burguesa mas não examinou as implicações dessa aceitação. Uma característica da tradição geral, se considerarmos o período que vai do século XVII a começos do século XX, é o fato de ter trocado uma visão materialista do homem e da sociedade por uma visão idealista. Não se pode dizer que seja essa a causa do eclipse da tradição geral no século XX: afinal, a teoria do Estado de Hegel é bem mais profunda do que a de Locke ou a de Bentham, pois Hegel sabia que estava falando do Estado na sociedade burguesa. Mas pode-se dizer que, posteriormente, os idealistas foram afastando-se cada vez mais dessa visão e que menosprezaram, ou praticamente descartaram, ou então não souberam lidar com o fato de que era o Estado burguês, ou o Estado na sociedade burguesa, que merecia atenção. [...] Em todo caso, os teóricos tradicionais do século XX não deram muita atenção à natureza específica do Estado na sociedade capitalista".[10]
O estado é um órgão administrativo e burocrático composto por organismos, ramos e sub-ramos, cada um com a sua função e burocratização, que vai complementar a acção da grande tarefa de dominação e administração.
Na teoria política marxista o tópico contemporâneo, o tópico de maior destaque foi a ausência das questões referentes aos processos organizativos internos do aparelho estatal. Uma lacuna que levou a que a critica teorizasse, por vezes desvalorizando a mesma. Mas o mesmo aconteceu com Poulantzas que estudou principalmente os efeitos ideológicos deste sistema sobre as práticas dos agentes do estado, leia-se burocracia.
“As razões desse esquecimento sistemático deveriam ser buscadas justamente na confusão promovida pela tradição marxista[11]”…
"Marx e Engels (e sobre sua linha, um chefe revolucionário como Lênin), convencidos como estavam de que a esfera da política fosse a esfera da força (e nisto tinham perfeitamente razão), colocaram-se sempre o problema do argumento histórico desta força, individualizado na classe dominante de tempos em tempos, ao invés do problema dos diversos modos pelos quais esta força possa ser exercitada (que é o problema das instituições)"[12], daí o resultado.

Uma teoria de Estado incompleta
Norberto Bobbio defendia que todas as lacunas da ciência política marxista existentes foram mais uma agravante no desenvolvimento desta teorização (em especial, a organização socialista – a ditadura do proletariado).
Marx, Engels, Lenin Gramsci, por N. Poulantzas, os autores não trataram a teoria no sentido literal da mesma. Não teorizaram nem aprofundaram suficientemente a sua obra.
Em linhas muito suaves, o que se pode encontrar nas obras destes autores são conceitos no “estado prático”, “presentes em toda argumentação mas não teoricamente elaborados (pois foram pensados para dirigir a actividade política revolucionária numa conjuntura concreta”.
Também encontramos elementos de conhecimento teórico da praxis política e da estrutura do Estado, não ordenados.
Outro desenvolvimento nas obras é a concepção implícita do lugar e da função da estrutura política na problemática marxista – contudo, sem um tratamento “orgânico” do problema do Estado – como já referido.

Conclusão

O Estado, uma das instituições que permitem a continuidade de um grupo social, comporta uma evolução histórica, quer no seu conceito, quer nas suas funções. O Estado surgiu como uma Instituição de organização do espaço social e foi evoluindo o seu conceito, até chegar ao Estado Providência.
A questão do Estado evoluiu na sua esfera influências, passando de um aglutinador social a um controlador de certas áreas de desenvolvimento e dinâmica. Os Estados classificam-se em três graus (fracos, falidos e falhados), já que a realidade internacional terminou com os Estados fortes. A questão Internacional passou a intrometer-se nas políticas estaduais, terminando com o conceito de Soberania, que os Tratados de Vestfália criou.
A análise de Marx é curiosa pela forma como encara a instituição estatal. Cabe a Norbert Bobbio completar a análise institucional feita ao Estado. Uma perspectiva intrigante, que mereceu a nossa atenção.

Bibliografia

& HALL, John A e IKENBERRY, G. John, “O Estado”, Editorial Estampa, Lisboa, 1989
& FUKUYAMA, Francis. “A construção dos Estados”, Editorial Gradiva, Lisboa, 2006
& MORRIS, Christopher W. “Um Ensaio sobre o Estado Moderno”, Landy Editora, São Paulo, 2005
& EIRÓ, Pedro “Noções Elementares de Direito”, Editorial Verbo, Lisboa, 2002
„ http://pt.wikipedia.org/wiki/Paz_de_Vestf%C3%A1lia
„ http://www.unicamp.br/cemarx/adriano.htm
„ http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/01renato.pdf


[1] HALL, John A e IKENBERRY, G. John, “O Estado”, Editorial Estampa, Lisboa, 1989
[2] FUKUYAMA, Francis. “A construção dos Estados”, Editorial Gradiva, Lisboa, 2006
[3] FUKUYAMA, Francis. “A construção dos Estados”, Editorial Gradiva, Lisboa, 2006
[4] FUKUYAMA, Francis. “A construção dos Estados”, Editorial Gradiva, Lisboa, 2006
[5] FUKUYAMA, Francis. “A construção dos Estados”, Editorial Gradiva, Lisboa, 2006

[6] HALL, John A e IKENBERRY, G. John, “O Estado”, Editorial Estampa, Lisboa, 1989
[7] Embora esta opinião não seja consensual, vários autores defendem que a Nação Americana é uma realidade que não existe, estando ainda em construção
[8] Baseado na obra do mesmo título em http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/01renato.pdf
[9] Adriano Nervo Codato , Professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Renato Monseff Periss inotto, Professor Adjunto de Ciência Política na mesma Universidade, em http://www.unicamp.br/cemarx/adriano.htm
[10] Crítica marxista. http://www.unicamp.br/cemarx/adriano.htm
[11] p11, em Crítica Marxista. http://www.unicamp.br/cemarx/adriano.htm
[12] idem

O Paganismo (Relações Internacionais)

PAGANISMO

O Paganismo é etimologicamente uma palavra com raízes no Latim. O correspondente original de “paganus” que tinha como significado literal “homem do campo”; outras variantes do termo são expressões como “camponês” e “aldeão”, pelas ligações destes com a Terra. O termo descreve todos os actuais politeístas (os não crentes no Monoteísmo – Religiões com um único Deus) e advém do antigo Império Romano.
Para alguns estudiosos ser Pagão é um vínculo cultural, antes mesmo de ser uma forma de espiritualidade. Entendamos então que o Paganismo não é uma religião, mas um sistema cultural comum, partilhado por um grupo de religiões, que partilham algumas características comuns.

Quais serão então estas características, que tornam o Paganismo um sistema cultural, que consegue abarcar diversas religiões?

1.) Para um Pagão a Terra, e toda a Natureza no seu conjunto, é tida como um organismo vivo e sagrado. As tradições nórdicas, o panteísmo Clássico e as correntes Asatrú são disso bons exemplos. Existem milhares de divindades pagãs, que têm como símbolo a Terra.

2.) Outro elemento que une os Pagãos, como pertencentes a um sistema cultural comum, é a divinização da Grande Mãe, que une todos os seres humanos. As nativos índios da América e os seguidores das tradições do Antigo Egipto são duas boas provas desse elemento.

3.) Um elemento curioso é a relação do pagão com a Natureza. Ao divinizá-la o pagão respeita-a de forma superior. Nesta lógica de Natureza o sexo e a sexualidade é vista pelos pagãos como algo Natural e Mágico, e não algo de obsceno e de proibido, como o defendeu a Cristandade durante séculos. Este respeito pela Natureza permite ainda um grande desenvolvimento de medicinas tradicionais (China e Índia).

4.) Para um pagão o tempo é um ciclo, tal como definiu Aristóteles, que pode ser compreendido e usado a nosso favor. O Homem torna-se, desta forma, o único responsável por compreender e manter a regularidade dos ciclos, vigiando e prevenindo os fenómenos naturais. Esta noção de respeito pelo Tempo, leva a um culto dos antepassados, que nalguns ramos atinge a vidência e a construção social (xamanismo).

5.) Do ponto de vista religioso a maioria dos pagãos vive, ou gostaria de viver, numa sociedade baseada na partilha e na fraternidade. Existe regra geral um rei, cuja legitimidade é atestada por um Sacerdote ou por uma Sacerdotisa. Algumas culturas fundiram os dois cargos num só.

Religiosamente o Paganismo abarca um conjunto diverso de sistemas religiosos, que, mesmo assim, possuem características similares. É então útil traçar um quadro dessas características.

1.) Por tudo o que já se disse, percebe-se que a principal característica dos pagãos seja a materialização divina, identificada através de elementos Naturais. A água e o sol perdem o seu carácter natural e assumem um profundo valor religioso e espiritual, sendo divinizados e respeitados como Deuses.


2.) Pela sua conexão com a Natureza algumas divindades, das religiões pagãs, surgem antropomórficas (mistura de Humano e Animal). Além do mais, os calendários de algumas religiões pagãs estão ligados aos círculos da fertilidade e aos movimentos de alguns planetas, ou estrelas.

3.) Ao contrário do Cristianismo e do Islamismo, o Paganismo vê no feminino um dos seus ícones mais poderosos. A maioria das correntes pagãs constrói-se ao redor de figuras Femininas, ou de figuras bissexuadas. O Homem surge sempre como o Filho, a extensão da Mulher. Isto não impede que os Deuses masculinos sejam as figuras de proa nas hierarquias religiosas.

4.) Contrariamente aos Monoteísmos, no Paganismo a liberdade religiosa alcança uma escala impressionante, podemos mesmo afirmar que existe uma outra concepção de liberdade de culto. De todo o panteão, o pagão escolhe as divindades que idolatra. Continua a devotar respeito aos outros Deuses, mas aqueles serão “os seus Deuses” (os Cristãos criaram um fenómeno similar com os seus Santos e Padroeiros).

Um ramo do Paganismo
Antigas Tradições Egípcias ou Kemeticismo
[1]

Após a breve explicação sobre os fundamentos do Paganismo e do Politeísmo, passemos a um caso concreto, que ajudará a perceber melhor o Paganismo, do ponto de vista religioso. Sigamos a espiritualidade da Antiga Tradição Egípcia (designada de Kemeticismo pelos movimentos regeneradores neo-pagãos).

Igual ao sistema cultural pagão, também a Antiga Tradição Egípcia, possuiu mais do que um ramo espiritual. Existem 5 ramos da Antiga Tradição Egípcia, todos eles com laços comuns, entre as divindades e todos eles com laços distintivos. Os cinco grupos mais conhecidos são: Enéade de Heliópolis, Ogdóade de Hermópolis e as Tríades de Elefantina, Tebas e Mênfis.

1.) Os adoradores da Enéade – Enéade é a palavra grega para o Egípcio Pesedjet, que significa um grupo de 9 Deuses, ligados entre si por laços familiares, ou por laços de afinidade. A mais famosa das Enéades foi a de “Heliópolis” (tradução grega), que levou a uma identificação deste ramo religioso, com esta cidade. Mas existiram mais Enéades e nem todas com 9 Deuses, já que com o tempo a palavra passou a designar um grupo de Divindades, unidas numa estrutura religiosa hierarquizada. Fica explicada a Enéade de sete Deuses de “Abidos”, ou a de “Tebas” com 15 Deuses.

Passemos a explicar a Enéade de “Heliopólis”. O primeiro dos Deuses, Atum (mais tarde Áton), surgiu de um Deus aquático (Nun), que não conta para a Enéade. Do acto de masturbação divina, Atum (“Senhor do Limite”), Divindade bissexuada, criou duas novas divindades: Chu, Deus do Ar (“O que eleva”) e Tefnut, Deusa da Humidade (“Olho de Rá”). Deste casal, surgiram dois novos Deuses: Geb, Deus da Terra (“Touro de Rá”), e Nut, Deusa do Céu (“A que tem um milhar de almas”).
Deste segundo casal nasceram quatro outros Deuses, que compõem a Enéade: Osíris, Deus da Regeneração (“Aquele que ocupa o trono”), Ísis, Deusa da Magia (“Deusa entre os vivos”), Seth, Deus da infertilidade (“Senhor do Céu Norte”), e Néftis, Deusa das ligaduras (“A governanta”).

2.) Os adoradores da Ogdóade – Ogdóade é a palavra grega para o Egípcio Hemenu, que significa um grupo de 8 Deuses. Conhece-se bem apenas uma Ogdóade, a de Hermópolis, cidade que concorria com Heliópolis. A Ogdóade funciona numa lógica de complementaridade entre o Feminino e o Masculino, já que esta é composta por 4 casais divinos; ou, como afirmam alguns estudiosos, por 4 Deuses e as suas respectivas projecções femininas. Nun e Nunet, Huh e Hauet, Kuk e Kauket, Ámon e Amaunet.

Nun significa a Água da vida, Huh o Espaço Infinito, Kuk as trevas e Ámon o oculto e o ar; as Deusas complementam as mesmas características dos Deuses, pois são as suas projecções. Os Deuses surgem todos representados com cabeças de Rã, distinguidos pelos símbolos que carregam e pelos corpos. As Deuses apresentam cabeças de Serpente, sendo distinguidas da mesma forma.

3.) Os adoradores da Tríade – ao contrário dos outros ramos, as tríades não são um único grupo, mas sim um conjunto de 3 grupos distintos, cujas rivalidades, no passado, causaram guerras, e, no presente, geram algumas polémicas, que impedem o dialogo entre estas três variantes.

Tríade de Elefantina – Elefantina corresponde hoje à cidade egípcia de Aswan e que na altura era conhecida como Yebu. Religiosamente imperava o culto de uma tríade composta por Khnum, Deus dos Oleiros (“O Modelador”), pela sua esposa Satet, Deusa dos Arqueiros (“Aquela do Arco”) e pela filha Anuket, Deusa da Luxúria (“Alimentadora dos Campos”).

Tríade de Tebas – Tebas é a tradução grega, para o Egípcio Niwt, cidade que ainda hoje existe. Em Tebas imperava o culto de uma tríade composta por Ámon, Deus da Luz (“Rei dos Deuses”), pela sua esposa Mut, Deusa da Feitiçaria (“Grande Feiticeira”) e pelo filho Khonsu, Deus da Lua (“O Errante”).

Tríade de Mênfis – Mênfis é a tradução grega, para o Egípcio Ineb Hedj, cidade antiga a cerca de 20km do Cairo, capital Egípcia. Em Mênfis imperava o culto de uma tríade composta por Ptah, Deus dos oleiros (“Deus dos Artesãos”), pela sua esposa Sekhmet, Deusa da Guerra (“A poderosa”) e pelo filho Nefertum, Deus dos perfumes (“Senhor dos Perfumes”).

[1] Vem da origem de Kemet, uma palavra Egípcia para designar “terra negra” e “solo negro”

(Este trabalho deve ser lido, para ser discutido na aula de terça-feira de Relações Internacionais. A todos os que tiverem mais trabalhos enviem-nos, pra serem publicados no nosso blog)

O Vosso Fidalgo favorito...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Lista de verbos de Atelier de imprensa

perder
dar
ser
deixar
cair
distribuir
demorar
defender
reflectir
cumprir
abandonar
dominar
designar
decidir
acolher
elogiar
afirmar
referir
concluir
marcar
garantir
seguir
suscitar
desconfiar
poder
ter
decorrer
preocupar
começar
arrastar
chamar
reconhecer
estar
admitir
iniciar
revelar
ameaçar
compreender
considerar
verificar
dizer
recordar
apoiar
acusar
participar
golear
queixar
interromper
favorecer
pertencer
por
ficar
explicar
resolver
fazer
ir
conceder
haver
adiantar
entender
apresentar
abrir
liberalizar
registar
invocar
aprender
argumentar
avançar
colocar
bater
entrar
moderar
despenalizar
lembrar
salvar
preparar
parar
desaparecer
passar
tirar
somar
sair
repor
despedir
lançar
antecipar
evitar
atribuir
existir
abranger
assumir
substituir
enquadrar
empatar
comentar
aumentar
transportar
surgir
acreditar
praticar
usar
obrigar
negociar
registar
poupar
conseguir
comunicar
recorrer
assegurar
prever
distinguir
definir
assistir
tratar
deslocar
confrontar
esperar
furtar
andar
alertar
punir
alegar
dividir
introduzir
esclarecer
criar
oferecer
viver
lavar
conhecer
mudar
inaugurar
comandar
servir
faltar
roubar
chegar
executar
jogar
apostar
rematar
sonhar
vencer
ganhar
perder
beber
comer
dormir
adormecer
embebedar
regurgitar
acordar
colaborar