Comunicação Social [Turma 2004]

Apontamentos e notas dos alunos do curso de Comunicação Social (turma de 2004) da Escola Superior de Tecnologias de Abrantes - IPT.

quinta-feira, abril 26, 2007

Guerra Fria e OTAN (Relações Internacionais)

Aqui esta o trabalho da Vânia Costa, da Fátima Vieira e do José Pinto sobre a Guerra Fria e sobre a OTAN, para a cadeira de Relações Internacionais. Quem ainda não enviou o trabalho, não se esqueça de o fazer. Se todos ajudarmos, nao custa nada.
O Representante de Turma,
Tiago Lopes
A Guerra Fria e OTAN

Introdução

O período da Guerra Fria foi à primeira vista, um conflito entre duas potências, os E.U.A e a União Soviética, para atingirem a hegemonia mundial. No entanto, nunca chegou a existir o conflito directo, pois ambas tinham consciência de que se acontecesse iria provocar a destruição total do território, uma vez que estava em causa armamento nuclear. Foi por evitarem um grande conflito, que aconteceram em paralelo guerras como a do Vietnam e a da Coreia. Este período veio envolver o mundo inteiro e alterar as relações entre os países, a nível internacional.
Ao longo deste trabalho vamos dar a conhecer como tudo aconteceu, desde o período a seguir à II Guerra Mundial até à queda do Muro de Berlim, que marca o fim do conflito, entre as duas grandes potências mundiais. Foi durante este período que se criaram duas organizações a ONAT do lado dos E.U.A e o Pacto de Varsóvia do lado da União Soviética, que vieram dividir a Europa.
Foram vários os estudiosos que se dedicaram à analise da Guerra Fria, principalmente à sua origem. Teremos a abordagem de três escolas: os tradicionalistas, os revisionistas e os pós revisionistas. Para uma melhor compreensão do conflito, este será explicado em 3 fases: 1945 a 1947, o inicio gradual; 1947 a 1949, a declaração da Guerra Fria; e 1950 a 1962, o auge da Guerra Fria. Está também explanado no nosso trabalho a situação económica e todo o poder de cada uma das potências, dando destaque à doutrina de Truman nos E.U.A e à de Lenine na União Soviética.

O Inicio

Finalizada a segunda grande guerra, havia que reconstruir uma nova ordem internacional.
Mas os povos europeus, economicamente destruídos e fragilizados, cedo se aperceberam de que a aliança vencedora da guerra não ia durar muito, uma vez que nela estavam representados dois sistemas políticos cujas diferenças, esquecidas pela necessidade de derrotar o fascismo, acabariam inevitavelmente por emergir, uma vez alcançada a paz.
O equilíbrio geopolítico e geostratégico organizado pelos
vencedores da segunda guerra mundial, EUA e URSS, constituindo um dado essencial na regulação do Sistema-mundo, pois deu origem a dois subsistemas organizados à escala mundial. Estes dois blocos, o do Ocidente e o do Leste, preconizavam e defendiam dois modelos sociopolíticos diferentes.
O bloco Ocidental, liderado pelos EUA, o capitalismo, o Bloco de Leste, liderado pela URSS, o comunismo.
Os EUA e a URSS apareceram, então, como as grandes potências em torno das quais o Mundo irá girar. E deu-se início à concretização de uma nova forma de governo bipolar que substituiu o poder da Europa no governo do Mundo.

Na conferência de Ialta realizada em Janeiro de 1945, os grandes vencedores concordaram em dividir a Alemanha em quatro zonas que seriam administradas pelos EUA, Grã-Bretanha,
França e URSS. A cidade de Berlim, situada na zona soviética, seria igualmente administrada pelas quatro potências.
Mas a conferência de Ialta não se limitou a estabelecer as condições de rendição da Alemanha nazi. Foi também ai perspectivada a divisão do Mundo em duas áreas de influência: a URSS reorganizaria os países do Leste europeu, incluindo a parte oriental da Alemanha, e os EUA exerceriam a sua hegemonia sobre os países da Europa Ocidental.
Após a guerra, completamente devastada a Europa, sentia-se comprimida entre as duas potências, cada uma delas pretendendo arrastá-la para o seu sistema económico-politico-social. Ambas se arrogavam defensoras da liberdade: os EUA propunham-se defendê-la do totalitarismo soviético; a URSS propunha-se libertar os povos da opressão do imperialismo americano.
Mas a partilha de influência não se limitava à Europa, pois as duas superpotências pretendiam alargar a sua influência a todo o mundo.

Três abordagens à Guerra Fria
Quem originou a Guerra Fria?


Existem 3 principais escolas de opinião: tradicionalistas, revisionistas, e pós-revisionistas.
Os tradicionalistas defendem que a resposta à questão de quem começou a Guerra Fria é bastante simples: Estaline e a União Soviética. No final da Segunda Guerra Mundial, a diplomacia americana era defensiva, enquanto os Soviéticos eram agressivos e expansionistas. Os Americanos apenas lentamente despertaram para a natureza da ameaça Soviética.
Imediatamente após à guerra, os Estados Unidos propunham uma ordem mundial universal e segurança colectiva através das nações unidas.
A União Soviética não levava muito a sério as Nações Unidas porque pretendia expandir-se e dominar a sua própria esfera de influência na Europa de Leste.
Após a guerra, os Estados Unidos desmobilizaram as suas tropas, enquanto a União Soviética deixou ficar vastos exércitos na Europa de Leste.
O expansionismo Soviético foi ainda mais confirmado quando a União Soviética foi ainda mais confirmado quando a União Soviética foi lenta a retirar as suas tropas do norte do irão após a guerra. Elas foram eventualmente retiradas, mas sob pressão. Em1948 os comunistas assumiram o governo checoslovaco. A União Soviética bloqueou Berlim em 1948 e 1949, tentando expulsar os governos ocidentais. Em 1950, os exércitos da Coreia do Norte comunista atravessaram a fronteira com a Coreia do Sul.
Segundo os tradicionalistas, estes acontecimentos despertarem gradualmente os Estados Unidos para a ameaça do expansionismo Soviético e iniciaram a Guerra Fria.
Os revisionistas, que desenvolveram o seu pensamento fundamentalmente na década de 1960 e no inicio da década de 1970, acreditam que a Guerra Fria foi originada pelo expansionismo americano e não soviético.

A prova é a de que, no final da Segunda Guerra Mundial, o mundo não era verdadeiramente bipolar, os Soviéticos eram muito mais fracos do que os americanos, que se tinham fortalecido com a guerra e detinham armas nucleares, que os soviéticos não possuíam.
Os pós-revisionistas, defendem que os tradicionalistas e os revisionistas estão ambos errados. Já que ninguém foi culpado pelo inicio da Guerra Fria, era inevitável, ou quase, por causa da estrutura bipolar do equilíbrio de poder pós guerra.
Em 1939, havia um mundo multipolar com sete principais potências, mas após a destruição infligida pela Segunda Guerra Mundial, apenas restaram duas superpotêcias: os Estados Unidos e a União Soviética. Era inevitável que elas entrassem em conflito.
Os Soviéticos e os Americanos tinham diferentes objectivos no final da guerra. Os Soviéticos pretendiam possessões tangíveis, território.
Os Americanos tinham objectivos intangíveis ou societais; eles estavam interessados no contexto geral da política mundial. Os objectivos societais colidiram com os objectivos de possessão, quando os Estados Unidos promoveram o sistema global das Nações Unidas enquanto os Soviéticos se esforçavam por consolidar a sua esfera de influência na Europa de Leste.
Nem os americanos nem os soviéticos podiam permitir que o outro dominasse a Europa.
Num mundo ideologicamente bipolar, um estado utiliza as suas forças militares para impor sociedades semelhantes à sua, como forma de assegurar a sua segurança.

As fases do Conflito

As etapas iniciais podem ser divididas em 3 fases: 1945 a 1947, o inicio gradual; 1947 a 1949, a declaração da Guerra Fria; e 1950 a 1962, o auge da Guerra Fria.
Seis questões contribuíram eventualmente para alterar a estratégia americana e para o inicio da Guerra Fria. Uma foi a polónia e a Europa de leste. A polónia tinha sido uma das causas principiantes da segunda guerra mundial e os americanos acreditavam que Estaline tinha quebrado um compromisso claro de realizar eleições livres na polónia após guerra. O acordo de Ialta de Fevereiro de 1945 era também algo ambíguo e Estaline estendeu o seu sentido tanto quanto conseguiu, estabelecendo um governo-fantoche e Varsóvia após as tropas soviéticas terem expulso os alemães. Os americanos sentiram-se enganados, mas Estaline pressentiu que os Americanos se iriam ajustar à realidade de que tinham sido tropas soviéticas a libertar a Polónia.
Em Maio de 1945, o programa de ajuda lend-lease foi abruptamente interrompido e a relação económica entre os Estados Unidos e a União Soviética ressentiu-se. A conclusão precipitada do lend-lease foi em grande parte um erro burocrático, mas a situação global não melhorou quando, em Fevereiro de 1946, os Estados Unidos recusaram pedidos de empréstimo soviéticos. Os soviéticos interpretam mal esses actos como pressão económica com intenções hostis.
A Alemanha era um terceiro problema. Na conferência de Ialta, os americanos e os soviéticos acordaram que a Alemanha deveria pagar 20 biliões de dólares em reparações, metade dos quais seriam entregues á União Soviética.
Os pormenores acerca da maneira como e quando seriam efectuados os pagamentos não foram estabelecidos em Ialta. O que mais tarde originou problemas quando a União Soviética exigiu à Alemanha 10 biliões de dólares.

Assim começou uma série de divergências entre Americanos e Soviéticos acerca da forma de reconstruir a Alemanha.
Os Americanos, juntamente com os Britânicos e os Franceses, criaram uma moeda única nas zonas ocidentais, iniciando o processo de integração da Alemanha Ocidental, o que levou, por seu lado, os Soviéticos a apertarem o controlo sobre a zona leste da Alemanha.
A Ásia Oriental também constituía um problema. Os Soviéticos foram neutrais no Pacifico até á ultima guerra. Nessa altura declararam guerra ao Japão, apossando-se da Manchúria e de quatro ilhas do norte do Japão. Em Potsdam, os soviéticos solicitaram uma zona de ocupação no Japão, semelhante á zona de ocupação americana na Alemanha. A resposta de Truman foi, na realidade, a de que os Soviéticos tinham “chegado tarde á festa”, por isso não teriam zona de ocupação.
De um ponto de vista americano, isto parecia perfeitamente razoável, mas a situação relembrava aos Soviéticos a situação da Europa de Leste, onde os Americanos pretendiam eleições livres e influência, mas onde os exércitos soviéticos tinham chegado primeiro.
Uma quinta questão era a da bomba atómica, a corrida aos armamentos.
A fase mais austera da Guerra Fria ocorreu em 1949 após a União Soviética detonar uma bomba atómica, muito mais cedo do que alguns líderes Americanos julgavam que conseguiria.
A sexta questão estava relacionada com países do Mediterrâneo Oriental e do Médio Oriente, onde os Britânicos tinham sido influentes antes da Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, várias coisas aconteceram. Em primeiro lugar, os soviéticos recusaram retirar as suas tropas do norte do interior do Irão, em Março de 1946.
Os Estados Unidos apoiaram o irão num debate no interior das Nações Unidas. Os Soviéticos acabaram por se retirar, mas com um enorme ressentimento acerca do sucedido. Então a União Soviética começou a pressionar a Turquia, seu vizinho a sul, e os comunistas gregos pareciam estar a ganhar a guerra civil na Grécia. Mais uma vez, o Ocidente acreditava que os soviéticos se estavam a expandir.

O Poderio

Enquanto os soviéticos usavam todos os meios para denunciar os pontos fracos do capitalismo e avançar ideológica e militarmente para o ocidente, os norte-americanos trataram de estabelecer bases militares em todos os pontos do globo, criando um cerco à área de controlo soviético, procurando impedir a sua expansão.
O domínio da bomba atómica por parte dos EUA era também encarado pela URSS como uma demonstração de poder devastadora e que lhes conferia supremacia a nível mundial. Quando em Setembro de 1949, a URRS também passou a dominar a tecnologia da bomba atómica, tal facto deixou os americanos surpresos. Além disso, o facto de a URSS dominar a bomba atómica minava a estratégia militar dos EUA no pós-guerra, baseada no princípio de que a superioridade numérica das tropas e o armamento convencional soviéticos eram contrabalançados pela superioridade nuclear dos EUA.
Os Estados Unidos fomentaram então o desenvolvimento da bomba de hidrogénio e no dia 1 de Novembro de 1952 fizeram explodir, experimentalmente, a primeira bomba H, com uma potência mil vezes superior à bomba que arrasou Hiroxima.

Esta competição vai mais tarde passar a corrida espacial. Com a corrida aos armamentos o Mundo iniciava a fase do equilíbrio do terror que iria durar até meados dos anos 80.

A corrida aos armamentos, incluindo nucleares, e o antagonismo instalado entre os dois blocos hostis provocaram uma tensão psicológica universal de medo, a que um jornalista norte-americano, Walter Lippman, chamou “guerra fria”.
A guerra-fria acabou por ser a guerra mais longa e mais insidiosa e, de certa forma, a mais perigosa, entre a URSS e os EUA. Note-se, todavia, que a guerra-fria constitui ainda uma emanação da “guerra quente”, sendo o corolário lógico dos interesses vitais dos dois principais protagonistas, que se arvoraram em defensores da paz e segurança colectivas.
Para além da corrida aos armamentos, as manifestações da “guerra-fria” foram diversas: guerrilhia verbal, espionagem, utilização do veto na ONU, etc. cada um dos lados acusando o outro de responsabilidade pela situação criada.
A corrida ao armamento e a competição espacial pesam sobre as economias das duas superpotêcias, cada uma delas dispõe de um complexo militar-industrial que sustenta os esforços de pesquisa para a defesa.

A Doutrina Truman e o Plano Marshall

No inicio, conter o poder soviético e conter a ideologia comunista parecia ser a mesma coisa, mas com o decorrer da Guerra Fria, quando o movimento comunista se dividiu, as ambiguidades tornaram-se importantes.
Após a segunda grande guerra eram os EUA que abasteciam Europa devido à grande taxa de desemprego, e à destruição das infra-estruturas.
Receando que o caos social, político e económico do pós guerra fizesse pender os países europeus para o lado comunista, em 1947, o presidente Truman apresentou um conjunto de princípios orientadores da política externa dos EUA que ficaram conhecidos por Doutrina Truman.
Deixou claro que, além do auxilio que pretendia dar aos povos europeus para que estes conseguissem superar as suas dificuldades, havia também uma intenção politica, alegando que tinham de proporcionar aos povos livres a escolha dos seus destinos com inteira liberdade.
(Era uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população descontente).
Pouco depois, o secretário de Estado para os Assuntos Externos, George Marslhall, propôs um Programa de Reconstrução Europeia, que ficou conhecido pelo Plano Marshall.
Embora oferecido a todos os estados europeus dispostos a apoiar a democracia liberal, acabou por ser utilizado apenas por 16 Estados da Europa ocidental, que o aplicaram de diversas forma.
A URSS contestou a existência de um plano conjunto para toda a Europa, o qual impunha as mesmas condições para todos os países, e pretendia que os apoios fossem dados individualmente a cada pais.
A proposta inicial do Plano Marshall convidava a União Soviética e os Europeus de Leste a juntarem-se, se o desejassem, mas Estaline colocou pressão sobre os Europeus de Leste para que não o fizessem.

Quando a Checoslováquia indicou que desejaria receber a ajuda dos EUA, Estaline aumentou a Pressão sobre a Europa de Leste e os comunistas assumiram o poder total na Checoslováquia em Fevereiro de 1948.
Truman começou a recear que Estaline se tornasse outro Hitler. Os Estados Unidos avançaram planos para uma reforma monetária da Alemanha Ocidental; Estaline respondeu com o bloqueio de Berlim. Os Estados Unidos responderam com uma ponte aérea e iniciaram planos para a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (NATO). A hostilidade começou a aumentar olho por olho.
Este plano, era um programa de ajuda, era simultaneamente um acto de generosidade e de visível defesa de interesses. O seu objectivo era simples: tornar novamente prospera a Europa Ocidental. Os EUA precisavam de mercados estrangeiros para as suas exportações, quanto mais ricos fossem os mercados, mais os próprios EUA beneficiariam. Tratava-se de uma manobra politica e ideológica, bem como económica, dado que uma Europa próspera teria menos hipóteses de vir a adoptar o comunismo como atraente alternativa a uma democracia capitalista.
Em 1951, foi elaborado o Plano Colombo, similar ao Plano Marshall, porém bem menos ambicioso, para estimular o desenvolvimento de países do sul e sudeste da Ásia.
Somente o Japão, entre 1947 e 1950, recebeu uma ajuda financeira na ordem de 2,5 biliões de dólares directamente do Tesouro dos Estados Unidos, possibilitando assim, a vazão de produtos e capitais estadunidenses e a contenção do expansionismo soviético, consolidando, assim, o bloco capitalista.
A verdade é que a Doutrina Truman e o Plano Marshall constituíram importantes instrumentos da estratégia América para conter a expansão soviética na Europa Ocidental e promover o liberalismo político. Todavia, em vez de evitar a divisão da Europa, acabou por cimentá-la.
A desconfiança recíproca que se instalou entre as duas superpotêcias levou a que se agudizasse o clima de Guerra Fria, a qual atingiu o seu auge com a Crise de Berlim (1947-48) e com a Guerra da Coreia (1950).

COMECOM
Em 1951, foi elaborado o Plano Colombo, similar ao Plano Marshall, porém bem menos ambicioso, para estimular o desenvolvimento de países do sul e sudeste da Ásia. Somente o Japão, entre 1947 e 1950, recebeu uma ajuda financeira na ordem de 2,5 biliões de dólares directamente do Tesouro dos Estados Unidos, possibilitando assim, a vazão de produtos e capitais estadunidenses e a contenção do expansionismo soviético, consolidando, assim, o bloco capitalista. Em resposta ao plano económico estadunidense, a União Soviética propôs-se a ajudar também seus países aliados, com a criação do COMECON (Conselho para Assistência Económica Mútua). Este conselho tinha como meta a recuperação dos países orientais, também para mostrar como vitrine as benfeitorias que o socialismo fazia ao povo.

Crise de Berlim

A Divisão da Alemanha ─ 1945 a 1989
As quatro potências vencedoras na II guerra mundial, os Estados Unidos, Inglaterra, França e União soviética, assumiram o poder e dividiram o território Alemão em quatro zonas de ocupação. Sob o controle soviético, ficaram os territórios a leste dos rios Order e Neisse. Berlim também foi dividida em quatro sectores. O germe da guerra-fria e os diferentes sistemas de domínio no Ocidente e no Leste geraram divergências entre os Aliados, que não conseguiam definir uma política comum para a Alemanha vencida. Na Conferência de Potsdam, de 17 de Julho a 2 de Agosto de 1945, que deveria estabelecer as bases de uma nova ordem europeia no pós-guerra, só houve consenso quanto a quatro pontos:
• A necessidade de desnazificar
• Desmilitarizar a Alemanha
• Descentralizar a economia
• Reeducar os Alemães para a democracia
Muitas indústrias alemãs escaparam aos bombardeios, mas a pequena oferta de produtos estava longe de satisfazer a demanda e os aliados confiscaram grande parte da produção para o pagamento da reparação de guerra. A política económica restritiva dos aliados só mudou quando se impôs a convicção de que a Alemanha Ocidental poderia ser um importante baluarte contra o avanço do comunismo soviético.

Reforma monetária e criação de dois Estados alemães

Após unirem as suas zonas, os aliados ocidentais decidiram, em 20 de Junho de 1948, implantar uma reforma monetária e criar um Estado provisório sob seu controlo. Um mês depois, cada cidadão alemão pôde trocar 40 Reichmark por 40 marcos alemães (DM); para empresários e autónomos. Estaline reagiu à reforma monetária no Ocidente ordenando um bloqueio a Berlim Ocidental. Visando incorporar essa parte da cidade à zona de ocupação soviética, foram proibidas todas as comunicações por terra. Isolada das zonas ocidentais e de Berlim Oriental, sem luz e sem alimentos de 23 de Junho de 1948 até 12 de Maio de 1949, a população de Berlim Ocidental foi salva pela ponte aérea dos Aliados, que garantiu o seu abastecimento.
No dia 23 de Maio de 1949, os aliados ocidentais promulgaram a Lei Fundamental, elaborada por um conselho parlamentar, dando origem à República Federal da Alemanha (RFA). A denominação Lei Fundamental sublinhava seu carácter provisório, pois somente depois que o país voltasse à sua unidade deveria ser ratificada uma constituição definitiva. O novo Estado tinha Bonn por capital. A União Soviética, que integrara a zona leste do país à sua estrutura de poder, não ficou atrás, anunciando, em Outubro de 1949, a fundação da República Democrática Alemã (RDA), com Berlim Oriental como capital. O seu regime era comunista e de economia planificada, dando prosseguimento à socialização da indústria e à fiscalização de terras e propriedades privadas. O Partido Socialista Unitário (SED) passou a ser a única força política na "democracia antifascista" alemã oriental.
Com o surgimento de dois Estados, a Alemanha tornou-se o marco divisório dos dois blocos e dos sistemas político-económicos antagónicos, liderados pelos EUA e pela União Soviética. Em nenhuma outra parte do mundo a Guerra-fria se manifestou com tanta intensidade, sendo que a divisão alemã persistiu até 1990.

O Muro de Berlim

A crise de Berlim em 1958, quando Kruchev exigiu que os aliados ocidentais desocupassem Berlim Ocidental em seis meses e, posteriormente, a construção do Muro, colocaram em risco a ligação de Berlim Ocidental à RFA e enfraqueceram Adenauer. Sinónimo da linha divisória entre os mundos capitalista e socialista, Berlim Ocidental atraía os alemães orientais pelas liberdades democráticas e o brilho de suas vitrinas, aliadas ao símbolo do progresso ocidental. De 1949 a 1961, quase três milhões de pessoas fugiram da Alemanha comunista para os sectores ocidentais de Berlim. Só em Julho de 1961, escaparam 30 mil pessoas.
A RDA não podia admitir que o êxodo continuasse e na manhã de 13 de Agosto de 1961, soldados começaram a construir o Muro de Berlim com arame farpado, tanques e trincheiras. Nos meses seguintes, foi sendo erguido em concreto armado o muro que marcaria a vida da cidade dividida até 1989. Ao longo dos anos, a fronteira inter Alemã em Berlim e no resto do país, transformou-se numa fortaleza. Como se os soldados tivessem ordem de atirar para matar, mais de mil pessoas pagaram com a vida a tentativa de transpô-la.

Helmut Schmidt e os foguetes

Willy Brandt renunciou em 7 de Maio de 1974, após a descoberta de um espião da RDA na Chancelaria Federal. O novo chefe de governo, Helmut Schmidt, deu continuidade à coalizão entre o Partido Social-democrata e o Partido Liberal, dedicando-se inicialmente a problemas económicos, uma vez que o desemprego ultrapassara, pela primeira vez no pós-guerra, a marca de um milhão. Atentados terroristas de esquerda e o surgimento da Fracção do Exército Vermelho (grupo Baader-Meinhof), dominaram a política interna e os debates sobre medidas judiciais para conter o terrorismo. No contexto internacional, a invasão do Afeganistão por tropas soviéticas e a lei marcial na Polónia colocaram um fim à década de distensão.
A instalação de mísseis de médio alcance na União Soviética levou à Dupla Resolução da OTAN, de Dezembro de 1979, que provocou grandes
controvérsias na República Federal da Alemanha, culminando no surgimento de um movimento pacifista contra o estacionamento de mísseis americanos em território Alemão.
Ao defender o rearmamento da OTAN como forma de fortalecer a defesa do país e enfraquecido porque o Partido Liberal abandonara a coalizão, Helmut Schmidt acabou perdendo o apoio de parte da facção social-democracia.

Guerra da Coreia

A Guerra da Coreia travou-se entre 25 de Junho de 1950 e 27 de Julho de 1953, opondo a Coreia do Sul e os seus aliados, que incluíam os Estados Unidos da América e o Reino Unido, à Coreia do Norte, apoiada pela República Popular da China e pela antiga União Soviética. O resultado foi a manutenção da divisão da península da Coreia em dois países, que perdura até aos dias de hoje. Em 1950, cinco anos e meio depois de derrotar a Alemanha nazi, os Estados Unidos e a União Soviética, ex-aliados, entram em conflito pelo controle da Coreia, uma nova zona de influência comercial e territorial, arriscando provocar uma terceira guerra mundial. A península da Coreia é cortada pelo paralelo 38, uma linha de separação que divide dois exércitos e dois Estados:
•A República da Coreia, a sul
•República Popular Democrática da Coreia, a norte
Essa demarcação, existente desde 1945 por um acordo entre os governos de Moscou e Washington, dividiu o povo coreano em dois sistemas políticos opostos: no norte o comunismo apoiado pela União Soviética, e, no sul, o capitalismo apoiado pelos Estados Unidos.
A 3 de Julho de 1950, depois de várias tentativas para derrubar o governo do sul, a Coreia do Norte atacaria de surpresa e acabaria por tomar Seul, a capital. As Nações Unidas condenaram o ataque e enviaram forças, comandadas pelo general americano Douglas MacArthur, para ajudar a Coreia do Sul a repelir os invasores. Em Setembro, as forças das Nações Unidas começam uma ambiciosa ofensiva para retomar a costa oeste, ocupada pelo exército norte-coreano. No dia 15 desse mês, chegam a Inchon, perto de Seul, e algumas horas depois entram na cidade ocupada.
Os setenta mil soldados norte-coreanos são derrotados pelos cento e quarenta mil soldados das Nações Unidas. Cinco dias depois, exactamente três meses após o início das hostilidades, Seul é libertada. Com essa vitória, os Estados Unidos mantêm a sua supremacia no sul.

No primeiro dia de Outubro, as forças internacionais violam a fronteira do paralelo 38, como os coreanos haviam feito, e avançam para a Coreia do Norte.
A capital, Pyongyang, é invadida pelo exército sul-coreano e pelas tropas das Nações Unidas, que, em Novembro, se aproximam da fronteira com a China. Ameaçada, a China envia trezentos mil homens para ajudar a Coreia do Norte. Durante quase três anos, o povo coreano, uma das mais notáveis culturas da Ásia, vê-se envolvido numa brutal guerra fratricida, violentíssima de ambos os lados.
Milhares de prisioneiros amontoados em campos de concentração esperam ansiosamente por um armistício. Com a ajuda da China, as forças das Nações Unidas são rechaçadas para a Coreia do Sul e a luta pelo paralelo 38 continua. Em Seul, as tropas são visitadas por artistas como Marilyn Monroe que tentam elevar a moral das tropas. O General MacArthur, insistindo num ataque directo à China, é substituído, em Abril de 51, pelo General Ridway.
A 23 de Junho começam as negociações de paz, que duram dois anos e resultam num acordo assinado em Panmunjon, a 27 de Julho de 1953.O único resultado é o cessar-fogo. Na guerra coreana morreram cerca de três milhões e meio de pessoas. O tratado de paz ainda não foi assinado, e a Coreia continua dividida em Norte e Sul.
O efeito da Guerra da Coreia foi o de derramar gasolina sobre um pequeno lume.

Corrida ao Armamento e Corrida Espacial

Corrida ao Armamento
Durante a Guerra Fria, e com o advento das armas nucleares, as superpotências confiaram mais no desencorajamento pela ameaça do que na oposição pela defesa após um ataque ter ocorrido. A discussão da Guerra Fria estava ligada à questão global da dissuasão nuclear, mas era igualmente uma extensão da lógica do equilíbrio do poder. A dissuasão pela ameaça nuclear era uma forma pela qual cada superpotêcia procurava impedir a outra de alcançar uma vantagem e consequentemente perturbar o equilíbrio de poder entre elas.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas potências vencedoras dispunham de uma enorme variedade de armas, muitas delas desenvolvidas durante o conflito.
Tanques, aviões, submarinos, navios de guerra constituíam as chamadas armas convencionais. Mas os grandes destaques eram as chamadas armas não convencionais, mais poderosas, eficientes, difíceis de serem fabricadas e extremamente caras. A principal dessas armas era a bomba atómica. Só os EUA tinham essas armas, que aumentava em muito seu poderio bélico.
A União Soviética iniciou então seu programa de pesquisas para também produzir tais bombas, o que conseguiu em poucos anos.

Mais pesquisas foram feitas, tanto para aperfeiçoar a bomba atómica quando para produzir novas bombas. Em pouco tempo os EUA fabricaram a bomba de hidrogénio, seguidos pela União soviética.
Esta corrida aos armamentos era movida pelo receio recíproco de que o inimigo passasse a frente na produção de armas, provocando um desequilíbrio no cenário internacional. Se um deles tivesse mais armas, seria capaz de destruir o outro.
A corrida atingiu proporções tais que, já na década de 1960, os EUA e a URSS tinham armas suficiente para vencer e destruir todos os países do mundo. A partir desse ponto, foi criado um estado conhecido como MAD (Mutual Assured Destruction, ou Destruição Mútua Assegurada) em que o mundo vivia uma espécie de "Equilíbrio do Terror".

Crise dos Mísseis (1962)

Em Cuba, a maior das ilhas caribenhas, sofreu uma revolução em 1959, que retirou o ditador pró-estadunidense Fulgêncio Batista do poder, e instaurou a ditadura de Fidel Castro, de inspiração marxista-lenista a partir de 1961. A instauração de um regime socialista preocupou a Casa Branca e, em 1961, os Estados Unidos chegaram a ordenar uma invasão à ilha, mas a operação foi um fracasso.
Em 1962, a União Soviética foi apanhada a construir 40 silos nucleares em Cuba. Segundo Khrushchev, a medida era puramente defensiva, para evitar que os Estados Unidos tentassem nova investida contra os cubanos. Por outro lado, era sabido que os soviéticos queriam realmente responder à instalação de mísseis Júpiter II pelos estadunidenses na cidade de Esmirna, Turquia, que poderiam ser usadas para bombardear o sudoeste soviético.

Local de lançamento de mísseis em Cuba, dia 1 de Novembro de 1962.

Rapidamente, o presidente Kennedy tomou medidas contrárias, como a ordenação de quarentena à ilha de Cuba, posicionando navios militares no mar do Caribe e fechando os contatos marítimos entre a União Soviética e Cuba.
Vários pontos foram levantados a respeito deste bloqueio naval: os soviéticos disseram que não entendiam porque Kennedy havia tomado essa medida, já que vários mísseis estadunidenses estavam instalados em territórios dos países da OTAN contra os soviéticos, em distâncias equivalentes àquela entre Cuba e os EUA; Fidel Castro revelou que não havia nada de ilegal em instalar mísseis soviéticos em seu território; e o primeiro-ministro britânico Harold Macmillan disse não ter entendido por que não foi sequer ventilada a hipótese de acordo diplomático.
Em 23 e 24 de Outubro, Khrushchov teria enviado uma carta a Kennedy, informando suas intenções pacíficas. Em 26 de Outubro disse que retiraria seus mísseis de Cuba se Washington se comprometesse a não invadir Cuba.
No dia seguinte, pediu também a retirada dos balísticos Júpiter da Turquia. Mesmo assim, dois aviões espiões estadunidenses U-2 foram abatidos em Cuba e na Sibéria em 27 de Outubro, o ápice da crise.
Neste mesmo dia, os navios mercantes soviéticos haviam chegado ao Caribe e tentariam passar pelo bloqueio. Em 28 de Outubro, Kennedy foi obrigado a ceder os pedidos, e concordou em retirar os mísseis da Turquia e não atacar Cuba. Assim, Nikita Khrushchov retirou os mísseis nucleares soviéticos da ilha.
Apesar de o acordo ter sido negativo para os dois lados, o grande derrotado foi o líder soviético, que foi visto como um fraco que não soube manter sua posição frente aos estadunidenses. Sobre isso, disse o Secretário de Estado Dean Rusk: "Nós estivemos cara a cara, mas eles piscaram".
Dois anos depois, Khrushchov não aguentou a pressão e saiu do governo. Kennedy também foi mal-visto pelos comandantes militares dos Estados Unidos. O general LeMay disse a Kennedy que este episódio foi "a maior derrota da história estadunidense", e pediu para que os Estados Unidos invadissem imediatamente Cuba.

Corrida Espacial
Um dos campos que mais se beneficiaram com a Guerra Fria foi o da tecnologia. Na urgência de se mostrarem superiores aos rivais, Estados Unidos e União Soviética procuraram melhorar os seus arsenais militares. Como consequências, algumas tecnologias conhecidas hoje (como alguns tecidos sintéticos) foram frutos dessa corrida.
A corrida espacial está nesse contexto. Tecnologias de lançamento de mísseis e de foguetes são muito próximas, e portanto os dois países investiram pesadamente na tecnologia espacial. No ano de 1957, os Soviéticos lançaram Sputnik, o primeiro artefacto humano a ir ao espaço e orbitar o planeta.
Em Novembro do mesmo ano, os russos lançaram Sputnik II e, dentro da nave foi a bordo o primeiro ser vivo a sair do
planeta: uma cadela laika, de nome Kudriavka. Ela morreu na reentrada da atmosfera, devido ao calor. Após as missões Sputnik, os Estados Unidos entraram na corrida, lançando o Explorer I, em 1958. Mas a União Soviética tinha um passo na frente, e em 1961 os soviéticos conseguiram lançar Vostok I, que era tripulada por Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a ir ao espaço e voltar são e salvo.
A partir daí, a rivalidade aumentou a ponto de o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, prometer enviar estadunidenses à Lua e trazê-los de volta até o fim da década.
Os soviéticos apressaram-se para vencer os estadunidenses na chegada ao satélite. As missões Zond deveriam levar os primeiros humanos a orbitarem a Lua, mas devido a falhas, só foi possivel aos soviéticos o envio de missões não-tripuladas, Zond 5 e Zond 6, em 1968. Os Estados Unidos, por outro lado, conseguiram enviar a missão tripulada Apollo 8 no Natal de 1968 a uma órbita lunar.
O passo seguinte, naturalmente, seria o pouso na superfície da Lua. A missão Apollo 11 conseguiu realizar com sucesso a missão, e Neil Armstrong e Edwin Aldrin tornaram-se os primeiros humanos, respectivamente, a caminhar em outro corpo celeste.

A coexistência pacífica entre os dois blocos

Na década de 50, havia crescido no Leste e no Oeste um grande arsenal atómico. E.U.A e URSS tinham plena consciência que iniciando um conflito não poderiam evitar a própria destruição. Viram-se num dilema: Como evitar a possibilidade de um conflito?
Uma das formas, para um melhor entendimento diplomático era a estruturação de canais de comunicação. Foi a União Soviética que deu o primeiro passo nesse sentido. Enquanto Estaline esteve no poder, toda a comunicação social estava controlada e a maioria da população não tinha noção dos acontecimentos, principalmente assuntos sobre as armas nucleares.
No entanto, com a morte de Estaline em 1953 tudo mudou. Os líderes soviéticos começaram uma campanha de informação sistemática à população sobre as consequências que uma guerra nuclear poderia trazer. Esta mudança preparava o terreno não só para negociações diplomáticas de desarmamento mas também para uma política de coexistência pacífica.
A América via com desconfiança as várias tentativas que a União Soviética fez para alcançar a paz entre ambos. Durante o ano de 1955, a URSS retirou o exército vermelho da Áustria, fez várias tentativas de aproximação com a Republica Federal Alemã e diminui os efectivos militares.
Os E.U.A continuaram a investir em armamento, mesmo sabendo da situação muito inferior da União Soviética, provocando novos conflitos entre ambos. Mas este confronto trouxe também crises e tensões a nível internacional.
O Médio Oriente e a África estavam sob a pressão do velho imperialismo. As revoluções e contra-revoluções eram constantes no Terceiro Mundo. Mas mesmo assim a União Soviética continuou a sua política de coexistência pacífica. Kruschev tentou reduzir a intensidade da guerra onde ela mais se desenvolveu, na propaganda.
No início da década de 60, transcorreram num clima por vezes contraditório e quase sempre conflituante. A 5 de Maio de 1960, Kruschev anunciou a queda de uma avião U-2 Norte-Americano, sobrevoando o espaço aéreo soviético em missão de espionagem. Kruschev perante este facto exigiu um pedido de desculpas por parte da Casa Branca, o que nunca aconteceu.

Em 1961, no encontro em Viena, entre Kennedy e Khrouchtchev, estes não conseguem chegar a acordo e enfrentam-se num combate ideológico. Esta tensão atinge o seu pico máximo quando em Agosto é construído o Muro de Berlim.
Em 1961, sob ao poder Kennedy que veio marcar a política norte-americana, trazendo propostas liberais. No entanto, todas as expectativas morreram aquando da Baía dos Porcos. Tanto as relações russo-americanas pioravam, como o relacionamento político Moscou com Pequim, principalmente na crise sino-soviética de 1962. Neste mesmo ano deu-se uma grande crise: a guerra dos mísseis em Cuba.
Tudo previa que uma guerra nuclear eclodiu-se mas esse facto nunca chegou acontecer. Reforçou também a existência de um impasse atómico entre as duas grandes potências. No entanto, após esta crise veio um período mais calmo e de entendimento entre os E.U.A e a URSS.
Uma dessas provas foi a criação da “linha quente”, a ligação telefónica entre Washington e Moscou que passaria a permitir o contacto rápido e directo entre os dirigentes americanos e soviéticos.
Outro sinal foi um acordo de desarmamento estabelecido num tratado entre os E.U.A, Grã-Bretanha e União Soviética, banindo as experiências nucleares na atmosfera, no espaço e sob as águas. Nos anos setenta e oitenta é marcado pela guerra na Coreia. Esta luta pelo poder chega ao fim quando em 1989 dá-se a queda do Muro de Berlim e o fim do comunismo.
O que torna a Guerra Fria excepcional é ter sido um período de tensão prolongada que não terminou numa guerra entre os dois estados rivais.

O Fim da Guerra Fria

Como a Guerra Fria está relacionada com a divisão da Europa pelos E.U.A e pela União Soviética, pode-se dizer que o fim da Guerra Fria é o fim dessa divisão, ou seja, a queda do Muro de Berlim. No entanto existem outras razões apontadas como é o caso da sobreexpansão imperial. Os impérios querem-se expandir, ganhar terreno e adeptos que acabaram por não conseguir gerir a estrutura interna. Outra explicação fiável é que na década de oitenta, os E.U.A tinham-se desenvolvido bastante a nível militar e a União Soviética teve que se render.
Para além das explicações apresentadas anteriormente, existem três causas fundamentais que levaram ao fim da Guerra Fria: as principiantes, as intermédias e as profundas. A mais importante causa, a principiante, foi a politica administrada por Milkhail Gorbachev, quando entrou para ao poder, em 1985. Este queria reformular o comunismo, no entanto, o resultado foi um conjunto de revoltas populacionais. As suas actuações levaram ao declínio soviético e ao fim da Guerra Fria.
No plano interno, para combater a estagnação económica, lançou a ideia de perestroika (reestruturação), mas esta não vingou, porque os burocratas contrariavam as suas ordens.
No plano externo, implementou um novo conceito de segurança comum, onde houvesse uma garantia de segurança entre os estados. No entanto, a ameaça nuclear poderia levar a que todos os estados perecessem, caso a competição saísse fora de controlo. Gorbachev em vez de investir em armamento nuclear, tinha apenas uma quantidade mínima para protecção. Outra mudança que ocorreu na política externa foi a sua visão, de que o expansionismo, mais que benéfico era prejudicial. O controlo Soviético na Europa Ocidental estava a ficar muito dispendioso e a invasão do Afeganistão tinha sido um desastre dispendioso. O sistema comunista não estava a conseguir garantir a segurança nas fronteiras soviéticas. As pressões acumularam-se e rapidamente levaram a baixo o sistema.

Quanto às causas intermédias temos as ideias liberais, de novo pensamento e de democracia. Estas apareceram no ocidente em 1956. Mas à que ter em conta as causas profundas que levaram ao declínio da ideologia comunista e à falência da economia soviética.
O comunismo vingou imediatamente a seguir à II Guerra Mundial, mas a pouco e pouco foi decaindo devido à destalinização em 1956 e à crescente disseminação transnacional de ideias liberais.
Após a morte de Lenine, o sistema político alterou-se significativamente, o poder interno era preservado através de um sistema de segurança de estado, com o recurso a informadores e a censura generalizada. As consequências foram diversas levando mesmo a perda de confiança generalizada no sistema, expressa na literatura clandestina de protesto. Para além do sistema político em vigor, a economia soviética estava em regressão.
O fim da Guerra Fria foi um dos grandes acontecimentos que veio revolucionar muitas das relações estabelecidas entre os países e gerar novos posicionamentos.

OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte

Esta organização formou-se após a assinatura do Tratado do Atlântico Norte em 4 de Abril de 1949. Os países envolvidos eram: E.U.A, Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Holanda, Portugal, Reino Unido e Países Baixos.
Os Estados signatários estabeleceram uma cooperação entre todos em estado de paz, mas ao mesmo tempo a obrigação de apoio aos estados-membros que fossem atacados. É uma organização internacional, de colaboração militar e que foi criada no contexto da Guerra Fria, como uma frente ao bloco comunista.
Com o desmoronamento do bloco comunista, nos anos oitenta, tinha-se que repensar no papel desta organização, já que não fazia sentido o papel que lhe foi incumbido, neste novo contexto. Alargou a sua politica de segurança e passou a abranger não só os países que faziam parte do bloco Americano, mas os que faziam parte do bloco comunista. Foi então criado o Conselho de Parceria Euro-Atlântica, em 1997, um órgão de carácter consultivo e de coordenação.

Pacto de Varsóvia

Em 14 de Maio de 1955, foi firmado em Varsóvia um pacto que estabelece um acordo militar entre os países da Europa de Leste. É apresentado oficialmente como um “tratado de amizade, de cooperação e de assistência mútua”.
É um tratado de carácter militar, onde o seu objectivo principal é a defesa da paz. Para além deste pacto vir demarcar a divisão da Europa e vir contrapor a posição da OTAN, veio também atenuar as revoltas internas.
A União Soviética, Alemanha Oriental, Bulgária, Hungria, Polónia, Checoslováquia e Roménia foram os países membros. O cenário geopolítico da Europa Oriental modificou-se na década de 80: o fim dos governos socialistas, a queda do Muro de Berlim, o fim da Guerra Fria e a crise na URSS levaram a extinção do Pacto em 31 de Março de 1991.

Cronologia: Momentos que marcaram a Guerra-fria

Novembro de 1943 - Conferência de Teerão entre Estaline, Churchill e Roosevelt
Julho de 1944 - Criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial
Agosto de 1944 - Criação das Nações Unidas
Fevereiro de 1945 - Conferência de Ialta entre Estaline, Churchill e Roosevelt
Abril de 1945 - Morte de Roosevelt
Maio de 1945 - Rendição da Alemanha
Junho de 1945 - Conferência de São Francisco – Carta da Organização das Nações Unidas
Julho de 1945 - Primeiro teste da bomba atómica; Conferência de Potsdam
Agosto de 1945 - Hiroshima e Nagasáqui: URSS entra em guerra na Ásia
Setembro de 1945 - Rendição do Japão
Março de 1947 - Proclamada a doutrina Truman
Junho de 1947 - Apresentado o plano de Marshall
Outubro de 1947 - Criação do Cominform
Março de 1948 - Inicio do bloqueio parcial de Berlim
Abril de 1949 - Tratado do Atlântico Norte
Maio de 1949 - Fim do bloqueio de Berlim
Setembro de 1949 - Criada a República Federal da Alemanha
Outubro de 1949 - Proclamada a República Popular da China; Proclamada a República Democrática Alemã
Fevereiro de 1950 - Pacto Sino-Soviético
Junho de 1950 - Início da Guerra na Coreia
Novembro de 1952 - Eisenhower eleito presidente
Março de 1953 - Morte de Estaline
Maio de 1955 - Pacto de Varsóvia
Junho de 1956 - Revolta de Poznan na Polónia
Outubro de 1956 - Início da Revolta Húngara
Outubro de 1957 - Lançamento do satélite Sputink
Janeiro de 1959 - Vitória de Fidel Castro em Cuba
Abril de 1961 - Fracasso do desembarque da Baía dos Porcos em Cuba
Agosto de 1961 - Construção do Muro de Berlim
Outubro de 1962 - Crise Cubana dos mísseis

Conclusão
A Guerra Fria foi um período de intensa hostilidade sem guerra efectiva. A oposição era tão intensa que muitos esperavam um conflito armado entre os Estados Unidos e a União Soviética. A Guerra Fria durou 4 décadas, de 1945a 1989.
O auge desta guerra deu-se entre 1947 e 1963, quando se realizaram poucas negociações sérias entre os Estados Unidos e a União soviética. Não se realizou mesmo qualquer cimeira entre 1945 e 1955. Em 1952, George Kennan, o embaixador dos Estados Unidos em Moscovo, comparou o seu isolamento na embaixada americana com a sua experiência de internamento num campo de prisioneiros em Berlim durante a segunda guerra mundial. As fases posteriores da Guerra Fria, nas décadas de 1970 e 1980, foram bastante diferentes. Americanos e soviéticos tinham muitos contactos e negociaram regularmente tratados de controlo de armamentos.
O fim da Guerra Fria ocorreu rapidamente, com a alteração das politicas Soviéticas após Mikhail Gorbachev ter chegado ao poder em 1985. A hegemonia Soviética sobre a Europa de Leste ruiu em 1989 e a própria União Soviética desintegrou-se em 1991.

Bibliografia

NYE, Joseph S.Jr, COMPREENDER OS CONFLITOS INTERNACIONAIS, 3ªedição, gravida: 2002.
BARROS, Edgard Luiz de, A guerra fria, UNICAMP, São Paulo: 1984.
Sites
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Cor%C3%A9ia
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,958753_page_2,00.html

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