Comunicação Social [Turma 2004]

Apontamentos e notas dos alunos do curso de Comunicação Social (turma de 2004) da Escola Superior de Tecnologias de Abrantes - IPT.

segunda-feira, maio 07, 2007

Publicidade (Atelier de Comunicação I)

Publicamos o trabalho de Atelier da Comunicação I, módulo de Língua Portuguesa, da autoria da Ana Luísa Nascimento, sobre Publicidade. Relembro a todos que a leitura destes trabalhos não dispensa a presença nas apresentações orais. Aos restantes colgas peço que me enviem os vossos trabalhos para publicação no blogue.
O Representante de turma,
Tiago Lopes
Introdução
No âmbito da disciplina de Atelier da Comunicação, foi-nos proposto um trabalho cujo tema estaria relacionado com um tema específico dos órgãos de Comunicação Social.
No meu trabalho, vou retratar os diversos temas usados na publicidade nos diferentes meios de Comunicação Social: televisão, rádio e imprensa. Deste modo, o meu trabalho vai ser dividido em quatro grandes partes.
Na primeira parte do trabalho, vou referir um pouco da história da publicidade, as técnicas, os elementos de criação, como adoptar a mensagem ao alvo e, por último, as técnicas de criatividade.
Na segunda parte do trabalho, vou tratar dos principais temas usados na imprensa.
Na terceira parte, vou referir os diversos temas referidos na rádio.
Por último, na quarta parte, irei referir a publicidade na televisão.
O objectivo principal deste trabalho, é mostrar de forma clara e objectiva as principais técnicas da publicidade e os seus temas pelos diferentes meios de Comunicação social, que são usados de modo a influenciar o público-alvo.

História
“A publicidade é uma actividade profissional dedicada à difusão pública de ideias associadas a empresas, produtos ou serviços, especificamente, Propaganda Comercial”.

Há conhecimento que as raízes mais profundas da publicidade surgiram na Antiguidade Clássica. Em Pompeia, foram registados os primeiros vestígios onde se anunciavam, em tabuletas, combates de gladiadores e referências a casas de banho públicas.
Numa primeira fase, a publicidade era feita basicamente pelos comerciantes que pretendiam dar a conhecer a sua mercadoria e, fio também nesta fase, que apareceram os Símbolos. Estes Símbolos eram usados, tal como hoje em dia, para que se possa identificar as lojas e os produtos. A estes símbolos são, hoje em dia, chamados de emblemas de Marcas e Logótipos.
No século XV, com a invenção da imprensa por Gutenberg, registam-se grandes progressos ao nível dos meios de comunicação e, com ela, o aparecimento dos primeiros panfletos e cartazes.
Só em 1631, foram criadas, nas próprias gazetas, uma pequena secção de anúncios que se tornaria uma fonte de receitas do jornal. Deste modo, as primeiras mensagens publicitárias eram, essencialmente, informativas. Apenas com Benjamin Franklin a publicidade começou a ser vista do ponto de vista do consumidor e não do anunciante, ou seja, em vez de se limitar a descrever o produto, começam a surgir as primeiras tentativas que tinham, como objectivo, estimular a venda do produto.
Em 1841, Volney B. Palmer ficou conhecido como o primeiro publicitário e criador da Primeira Agência, ao planear a publicidade de vários anunciantes.
John Wanamaker planeou a primeira campanha publicitária para uma loja de roupas masculinas e usou, para além dos anúncios de imprensa de painéis de exteriores, de desfile de carros decorados e de oferta de galhardetes.
Já, em França, Emile de Girardin criou, no seu jornal “La Press”, um suplemento publicitário, ligando ao mesmo tempo o preço da publicidade à tiragem.
Na Filadélfia, a agência de F. W. Ayer, fundada em 1869, foi a primeira agência que fornece diversos serviços de publicidade de cliente. Com isto, aparece, então, como percursora da moderna agência de publicidade de serviço completo e de autonomia da profissão.
Inicia-se outra fase no século XX, que passa pelo tratamento plástico que se poderia dar aos anúncios publicitários, nomeadamente, cartazes. Começam, também, a ser explorados outros conceitos ao nível da imagem que não tinham sido, ainda, abordados.
Com a Revolução Industrial e, consequentemente, com a produção em massa, a publicidade começa a ser, cada vez mais, persuasiva nas suas mensagens e, deste modo, perdendo o carácter informativo.
Com o aparecimento da rádio e da televisão, desencadeou-se um dinamismo publicitário e empresarial que não parou até aos dias de hoje.
O progresso tecnológico revoluciona o mercado da comunicação e faz com que apareçam, no mercado, novos produtos e serviços que vão ao encontro das necessidades dos consumidores.

Em Portugal, a publicidade teve, durante séculos, uma fase meramente oral. Oral porque era feita pelos comerciantes e vendedores que procuravam dar a conhecer a sua mercadoria e vender o seu produto.
Nos anos 20/30, os suportes publicitários eram fundamentalmente a imprensa.
Com o aparecimento da rádio, surge a publicidade radiofónica que ganha grande protagonismo na década de 50 através do Rádio Clube Português. Nesta época, não havia grande apelo ao consumismo porque os locais de venda eram essencialmente os vendedores de rua e as mercadorias, os produtos não se encontravam em exposição e não era explorado o aspecto gráfico das embalagens.
A partir desta época, a entrada das multinacionais como a Lever, a Colgate, a Nestlé, a Protector & Gamble, deram origem a um aumento do investimento de amostras, a distribuição de vales de desconto e ofertas de brindes. Nas mensagens publicitárias desta época, apareciam testemunhos dos utilizadores e a comparação com outros produtos.
Em 1957, com o aparecimento da televisão, aparece, também, grandes alterações na publicidade. Com o aumento da competitividade do mercado, começam a aparecer estudos de mercado que vão identificar as necessidades dos consumidores.
E, nesta época, aparecem várias agências de publicidade, tal como a Ciesa, entre outras.
Logo após à revolução de 1974, há uma redução na actividade publicitária que dura até ao aparecimento de novas empresas deste ramo.
Com a entrada de Portugal na União Europeia, houve a necessidade de expandir os mercados e, consequentemente, vai-se assistir a um crescimento de investimentos publicitários.
Nos finais dos anos 90, com o aparecimento de novos canais televisivos e da TV Cabo, surge a necessidade de criar mensagens publicitárias que conseguissem prender a atenção do consumidor que está cada vez mais exigente e esclarecido.
Nos dias de hoje, as empresas têm À sua disposição outros suportes, como os terminais de Multibanco, os transportes públicos, a Internet e, ainda, outras ferramentas como o Marketing directo.

Estratégia
Para que seja possível fazer a criação publicitária, há que ter uma estratégia que depende de vários factores. São quatro os factores fundamentais que estão ligados à estratégia.
O primeiro factor é o alvo, pois para a criação publicitária tem de se definir o sujeito receptor da mensagem. Este alvo pode ser definido em termos quantitativos, ou seja, dependendo do sexo, idade, nível ou estatuto sociocultural, entre outros e pode também ser determinado em termos qualitativos, tal como, aquele que têm determinada atitude em relação ao produto, aqueles que não estão satisfeitos com determinado produto corrente, entre outros.
Outro factor fundamental é a definição do objecto, depois de se definir o alvo, tem que se saber qual é a mudança que se pretende ter no alvo já escolhido, como por exemplo, mudança de atitude, de imagem e de comportamento.
O terceiro elemento é a satisfação de comunicar, ou seja, o que o aspecto que se encontra no produto ou na marca, o motive para o objectivo que, anteriormente, tem de estar estabelecido.
O último factor da criação publicitária é o constrangimento e, deste factor, faz parte a natureza do próprio produto, as interdições que se têm de respeitar no plano do marketing, tal como, a concorrência e os princípios gerais da marca e no plano jurídico e moral, tal como a verdade do produto e a sua legislação.
Deste modo, para que a estratégia seja plena, há que ter em atenção aos elementos que a constituem.
Elementos de criação
Os elementos de criação dividem-se em três grandes fases.
A primeira fase desta criação está relacionada com o eixo psicológico, ou seja, das necessidades, motivações, atitudes do consumidor face ao produto, o que se pretende mudar, esta é uma fase de reflexão, pois tem de estar muito bem definido qual o sentimento que se pretende causar.
Após esta primeira fase estar concluída, passa-se à segunda fase, a criação do conceito de comunicação em que a partir da definição do tipo de sentimento que se quer, criar o conceito que se pode materializar numa frase, numa personagem ou numa situação.
Depois destas duas fases já estarem finalizadas, passa-se, então, à terceira fase de construção do manifesto publicitário. Esta fase é a construção da mensagem publicitária já completa com imagens, palavras ou música que vão transmitir, ao consumidor, o sentimento pretendido e criado na primeira fase e materializado nas outras duas.

Temas na Publicidade
Neste tópico, vou abordar de forma clara e simples os principais temas usados na publicidade nos diferentes órgãos de comunicação.

Imprensa:

A imprensa chega, hoje em dia, a todas as classes sociais e encontramos jornais de carácter nacional, regional ou local.
A imprensa foi o primeiro grande órgão de comunicação a aparecer e, como foi explicado na história da publicidade, os primeiros anúncios eram apenas informativos. Só, depois, com o aparecimento das tecnologias e dos meios, a publicidade deixou de ser meramente informativos e começou a transmitir, ao consumidor, sentimentos.
A imprensa é um órgão que se rege pela imagem e pela palavra, por isso, para causar um impacto no consumidor é necessária uma frase que o “prende” a acompanhar por uma imagem atractiva que o faça querer ter. Então, a cor associada à imagem e à escrita exerce um grande impacto no público.
Os temas usados na publicidade da imprensa são:

1) A Comparação:

Através da imagem, o tema comparação junta dois produtos iguais, mas mostram as propriedades do produto em causa melhores.
A comparação serve para o consumidor ficar a conhecer que existem muitos produtos iguais, mas a imagem e a cor, mais o slogan levam a que o consumidor pense que aquele é excepcional e que é o único que vai responder às suas necessidades.
Por exemplo, publicidades como preços de Internet e telefone.

2) A descrição:

Neste tema, o criador publicitário usa o seu produto e mostra como ele é bom. Aqui não existe comparação, mas sim uma descrição das características fundamentais do produto, levando o consumidor, por si só a comparar com o seu ou com outros que conhece. A intenção deste tema é a demonstração de que o produto é rápido, fácil e que é aquele que o consumidor precisa.
Existem publicidades com este tema e podemos vê-las em publicidades de champôs, cremes e seguros onde ele é descrito de uma forma que dá a sensação ao consumidor de que é muito mais rápido e eficaz, levando o próprio consumidor a chegar à conclusão que aquele é melhor, sem haver, tal como já disse, comparação.

3) O humor:

Este é um tema muito usado hoje em dia. O objectivo principal é levar o consumidor a rir, a sentir alegria que o fará querer experimentar e, consequentemente, a adquirir o produto.
Todos os tipos de produtos, de uma maneira ou de outra, usam este tema como forma de chamar a atenção do consumidor tal como, publicidade de carros, telemóveis e outros acessórios.
Como exemplo desta publicidade, temos um anúncio da Multiópticas em que uma frase em fundo azul (cor da empresa) diz “sempre achei estranho o meu cão miar”, isto leva o consumidor a rir e, principalmente, na minha opinião, leva o consumidor a recordar situações que já lhe aconteceram, tornando aquele anúncio familiar.

4) A “hipérbole”:

Dei este nome ao tema da publicidade que cria um espaço ou uma situação tão irreal, mas perfeito, único, de humor que faz com que o consumidor queira estar naquela situação.
A hipérbole ou exagero da realidade é um tema muito usado porque caracteriza determinado produto de forma utópica, que é impossível acontecer, mas leva o consumidor a pensar que poderá ser possível e a querer adquirir.

Rádio:

Hoje em dia, é muito fácil escutar rádio até porque, como é através de um único sentido, permite-nos ter várias ocupações em simultâneo.
Na rádio, a mensagem tem geralmente um tom íntimo e personalizado. O produto é descrito através de sons e vozes.
A publicidade, na rádio, é de baixo custo e, isso, permite a elevada repetição da mesma, dando muito mais impacto no consumidor.

1) Comparação:

Tal como na imprensa, na rádio, também temos o tema da comparação, ou seja, através de sons e das vozes, temos acesso a dois produtos em que um é melhor do que o outro.
O ouvinte, “fica com a mensagem no ouvido” e isso faz com que ele acabe por querer adquirir determinado produto. A comparação permite, ao ouvinte, a ter acesso a dois produtos iguais, mas com propriedades diferentes. Ele acaba por visualizar o produto.

2) Descrição:

A descrição é usada como forma de mostrar as principais características de determinado produto que, através do ouvido, o possível consumidor escuta e leva-o a criar, na sua cabeça, a imagem descrita. Penso que, para isto ser possível é necessária uma boa conjugação dos sons e das palavras.

3) Humor:

O humor, tal como já referi na imprensa, cria, no consumidor, uma sensação de felicidade. Uma situação ou uma frase cómica, transparece ao consumidor um ambiente agradável e é isso que se pretende, criar bons sentimentos na publicidade.
Este tipo de publicidade leva, na minha opinião, à proximidade, pois, por momentos, as pessoas que estão a ouvir comentam, riem-se em conjunto.

Televisão:

A televisão é um meio muito complexo que integra a imagem, o som e o movimento.
Como é um meio que concentra à volta do pequeno ecrã um grande número de pessoas, do ponto de vista publicitário, facilita a rapidez de difusão das mensagens publicitárias, tornando-a num grande meio publicitário. A televisão, como temas, tem:

1) Comparação:

Tal como na imprensa e rádio, a comparação também faz parte de um dos temas usados na publicidade na televisão.
O som ligado às frases e às imagens, tornam este meio de comunicação o mais completo porque, para além de ouvir e ler, o consumidor vê a imagem, o movimento, tendo um maior impacto na transmissão das mensagem que, na minha opinião, qualquer outro meio.
A comparação que pretende distinguir dois produtos iguais, com a televisão permite exemplificar, dando a clareza e a transparência do produto, assim o consumidor tem um exemplo prático à sua frente, querendo adquirir o produto.
Na minha opinião, com a banalidade deste tipo de publicidade, leva a que o consumidor deixe de dar importância ou até mesmo deixar de acreditar porque todos mostram o mesmo.

2) Descrição:

A descrição é um tema muito usado pois desde o aparecimento da publicidade, tal como já referi anteriormente, ela era inicialmente informativa.
Na descrição, o telespectador vê as características do produto que, mais cedo ou mais tarde, acaba por o reconhecer.
Como estamos na televisão, são dado exemplos prático, de modo a que quem está q ver, prefira aquele produto ao seu.

3) Humor:

Neste meio de comunicação, este tema tem muito mais impacto que noutro meio de comunicação social.
O som associado à imagem e ao movimento, recria uma situação de comédia, em que o telespectador não tem de pensar para recriar a imagem, pois ela está à sua frente.
Este tema tem muito impacto, pois o movimento com o som, muitas das vezes nem precisa de texto, de palavras, pois está tudo exposto, tudo à nossa frente.

4) Nu:

O nu é um tema muito usado hoje em dia, dando-nos a imagem de beleza.
O nu pode, também, transmitir a sensualidade, a transparência do produto, dando-nos igualmente a “beleza” do produto.
Este tema é muito usado em cremes, Gel de duche, entre outros. O objectivo é não ter de fazer nenhuma demonstração porque ela já está à vista.
Por exemplo, na minha opinião, num anúncio de anti-celulite a mostrar uma rapariga bonita, elegante, não é preciso palavras. As pessoas, ao olharem para o corpo quase descoberto, querem um igual e sente que, ao comprar o produto, estão a adquirir aquele corpo.

Análise Crítica
Como posso constatar, os temas usados nos diferentes órgãos, não diferem muito, apenas os meios é que tornam a sua publicidade diferente.
Com a imprensa vemos, por isso, a imagem tem de estar muito bem associada às palavras.
Com a rádio, ouvimos e, como não há imagens, os temas usados têm de ser exclusivamente através do som, muito bem usado para o consumidor imaginar o produto.
Com a televisão, vemos e ouvimos, por isso é muito mais complexo fazer publicidade na televisão, mas tem um impacto maior. A imagem, tal como na imprensa, leva-nos logo a associar ao produto, na rádio é mais difícil.
Na minha opinião, todos eles são necessários pois todas as pessoas, apesar do desenvolvimento das tecnologias, aderem aos três tipos, quando estão à espera do autocarro lêem um jornal, enquanto vão a caminho do emprego ouvem rádio e enquanto estão a jantar, vêem televisão. E por causa disto, muitos produtos têm um tipo de publicidade diferente para os diferentes órgãos de comunicação social.

Conclusão
Neste trabalho, primeiro que tudo, quis referir a história da publicidade, para que se entenda e evolução da publicidade.
Referi, ainda, a estratégia publicitária e os elementos de criação para que fosse mais fácil a compreensão dos temas e que se perceba como se faz publicidade, de forma rápida e clara.
A terceira parte do meu trabalho são pequenas análises aos temas usados na publicidade nos diferentes órgão, e chega-se à conclusão que são os mesmo, quando se faz publicidade, os temas são basicamente os mesmo, o meio com que se faz publicidade varia de órgão de comunicação para órgão.
Por último, fiz uma análise crítica do que ficou, na ideia deste trabalho.
Penso que o meu objectivo principal foi alcançado e consegui mostrar de forma clara e objectiva o que é a publicidade.

Bibliografia e sitografia
PEREIRA, Alexandra Morais; O nu e a publicidade audiovisual; 1997; 1ª edição; Pergaminho; Lisboa
JOANNIS, Henri; O processo de criação publicitária; 1998; 2º edição; Edições CETOP; Mem Martins
www.ipv.pt/forumedia/f2_idei6.ttm
www.umacoisaeoutra.com.br/marketing/bb.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/